'Pelas redes sociais,
extrema direita transformou pessoas em zumbis', diz Alexandre de Moraes
Em
palestra, ministro do STF falou também na necessidade de criar "uma
legislação internacional em defesa da democracia"
3 de fevereiro de 2023,
09:03 h Atualizado em 3 de fevereiro de 2023, 09:03
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Presidente do TSE, Alexandre de Moraes
30/10/2022 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
247 - Em palestra nesta sexta-feira (3) por
videoconferência no Lide, evento que ocorre em Lisboa, Portugal, o ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou que a extrema
direita "transformou pessoas em zumbis" por meio de uma "lavagem
cerebral" conduzida pelas redes sociais.
"Essa captura da democracia internamente para que houvesse uma corrosão das instituições por dentro se iniciou a partir de estudos coordenados - e lamentavelmente eficientes da extrema direita norte-americana - ao analisar o papel das redes sociais nas primaveras árabes,
Houve a percepção de que era um novo instrumento que poderia
ser utilizado como uma verdadeira lavagem cerebral em determinados segmentos da
sociedade. O que surgiu de uma maneira democrática [redes sociais] foi
capturado pelos populistas, principalmente pela extrema direita, e transformado
em um mecanismo de lavagem cerebral. Basta verificarmos o belíssimo trabalho
realizado pela Globoplay na série extremistas para verificar que essa lavagem
cerebral transformou pessoas em zumbis, pessoas repetindo ideias absurdas,
pessoas cantando o hino nacional para pneus, esperando que ETs viessem para o
Brasil resolver o suposto problema da urna eletrônica. O que poderia ser uma comédia
é uma tragédia, que resultou na tentativa frustrada de golpe no 8 de
janeiro", disse.
O ministro declarou ser necessário
criar "uma legislação internacional em defesa da democracia, do Estado de
Direito, das instituições". Para ele, "isso talvez seja uma das
questões mais importantes para que possamos, a partir disso, com tranquilidade,
desenvolver a educação, saúde, a proteção ao meio ambiente".
Moraes também disse que, internamente, o Brasil precisa discutir mecanismos de combate a atentados contra a democracia que partam de dentro do próprio país, especialmente do Poder Executivo.
"Não temos mecanismos normativos importantes para tratar
de situações emergenciais onde a democracia é corroída por dentro. Nós temos
historicamente mecanismos para lidar com agressões externas à democracia,
estado de defesa, de sítio, de emergência. O nome vai variando mas as medidas
são as mesmas: um fortalecimento geralmente do Poder Executivo em situações
emergenciais para, com isso, tratar da agressão externa à democracia. Isso vem
desde a Roma antiga. Agora, como tratar das agressões internas? Como tratar da
corrosão da democracia quando isso vem de políticos populistas que atacam
internamente as instituições se todos os mecanismos previstos para ataques
externos prevêem um fortalecimento exatamente desse político populista? Como
estabelecer novos mecanismos para o controle do abuso do próprio Legislativo e
de alguns membros do Legislativo que deturpam suas garantias institucionais
quando passam a utilizar isso para atacar a própria democracia?",
questionou.