19.12.09

SAIGON
Ventura Picasso

Os americanos têm cada uma. Agora estão fazendo um levantamento para apurar, com precisão, quantas loiras de olhos azuis, com cara de Barbie, o Gato Montês marcou ponto. Sou obrigado a reconhecer que o golfista padroniza a clientela. Fica claro, cá pra mim, que o cara tem personalidade. As más línguas falam em 11. É deprimente, depois dessa, o Tiger Woods entra em depressão. Só 11?

Esses políticos milionários, americanos, sem exceção se parecem com TW, quando dizem: ”Sim, nós podemos”. E como podem! Etnicamente “cablinasiano”, palavrão inventado por ele, para informar sua origem racial, me faz lembrar o Barack Obama. Seria muçulmano? Seja lá o que for, mas deu certo. O marketing de salvador da lavoura pelos direitos e contra a guerra, uma mentira, funcionou. Os negros americanos, que vão ao Afeganistão, foram traídos? As loiras não.

Não faço piadas com a Bandeira do Brasil, com o Hino Nacional ou com loiras. Aprendi muito com Miss Editha; Uma judia chinesa, filha de franceses nascida em Pequim. Editha era casada com um oficial superior do exercito Frances incumbido da defesa de uma determinada área, denominada “Claudine”, em Dien Bien Phu. Na confusão do bate fora, fugindo do Vo Nguyen Giap, para salvar a própria pele, o general esqueceu a bela esposa. Caiu fora!

Com saudades, ela me contava coisas de Saigon onde viveu (‘Um pedaço de Saigon’), desde criança, até o dia 6 de maio de 1954, no meio da correria, ao ser seqüestrada por Mister Gold.

Quando conheci Gold, ele andava com dificuldade. Vitima das bombas do Vietminh. Ferido gravemente, quase perdeu a perna e o braço direito. Era um contrabandista respeitado e famoso. Elegantíssimo, educado. A coragem, como não podia deixar de ser, coloria o seu carisma. Onde havia uma guerra de americanos, lá estava Gold distribuindo tudo que era possível. O poder aquisitivo dessa tropa é minha paixão, dizia ele.

Mesmo com sua deficiência física, aproximou-se de Edtha. Conhecedor de todas as entradas e saídas de Saigon recolheu a inesquecível princesa franco-chinesa e voou para Cingapura. Uma semana depois estavam em Assunção no Paraguai ouvindo Los Panchos. Nunca mais se separaram.

Mas, americano têm cada uma. São mais criativos do que o Marcelando. Agora a vida amorosa do golfista tacudo virou filme pornô. Justiça seja feita. Não sou contra. Os filmes de sacanagem do Almodóvar são geniais. O que destrói o meu equilíbrio corintiano é saber que o americano engana o mundo e sacanamente leva o Nobel da Paz. Ouvi essa notícia no Spica americano do contrabandista judeu. Em 1960 você comprou um radinho Spica na Galeria Pagé? Não?

Ventura Picasso – Secretario do SINTAP - 19122009

2243






29.11.09


Olimpíada

“Eu sou é eu mesmo. Diverjo de todo mundo... Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa”. Guimarães Rosa - “Grande Sertão: Veredas”

Em 1950 assisti a dois jogos da Copa do Mundo de Futebol, no Estádio Municipal do Pacaembu, em S. Paulo. Minha memória, como percebe o leitor, já deu o que tinha que dar. Lembro com clareza apenas de um jogo entre as seleções do Uruguai e da Espanha (2 X 2).

Jogo duro acontece sempre, entre a ‘tropa de choque’ do governador paulista, contra os professores. Aqui, por enquanto, os voluntários de classe média, alistados na guarda tucana, querem saber quem manda no trecho. Na última audiência publica do asfalto, na Câmara Municipal, uma dona sem cintura, cidadã de primeira do New York, avançou no microfone; uma das mãos na cintura a outra entortando o pedestal perguntou: “O vereador está satisfeito com a resposta do prefeito? Não estamos aqui para perder tempo etc.”.
.
Foi mais duro que a bica, na bola molhada, do Obdulio Varella em direção ao gol do Ramallets. O nível baixou virou uma maluquice. Como todos sabem respeito trovão e raio, diante daquela barulhada que parecia a uniformizada contra o sol, com medo de que a viga caísse na minha cabeça, me retirei.

Naquele dia, em 1950, no Pacaembu, não arredei pé fiquei até o último minuto. Do goleiro Máspole ao capitão Obdulio e Ghiggia, que abriu a contagem para os uruguaios, ao goleiro espanhol Ramallets, alem do famoso atacante Basora que marcou os 2 gols espanhóis, poderia acontecer qualquer coisa. Na garoa paulista, o center-half Varella bateu e falou pro goleiro espanhol: “ Vai buscar Ramallets”. Ele foi; Empatou!

Era junho um frio lascado e eu completava 11 anos de idade. Afirmo com muito orgulho que foi um privilegio ser jovem na década de cinquenta. Logo após a Copa, apesar da derrota do Brasil, cada menino lá na vila tinha uma bola. A minha turma fez uma vaquinha e comprou uma nº. 5 de ‘capotão’. Isso era coisa de profissional. Tinha racha todo dia. Eu só largava a pelada quando mamãe aparecia com um pedaço de pau e me punha pra correr.

Em 2014, ano da nossa próxima Copa do Mundo, haverá um espaço de 64 anos. Tivemos em São Paulo o Pan-americano de 1963, e 44 anos após, em 2007, no Rio de Janeiro. Essas datas nos revelam o quanto o Brasil esteve fora dos maiores eventos esportivo que existem.

E hoje eu me pergunto: O que faz a mídia que não trás o José dos Santos Primo, para explicar o que é preciso para ser um atleta olímpico ou um craque da bola? Perguntar, por exemplo, com que idade um menino ou menina pode começar a trabalhar essa expectativa de vir a ser um atleta? Muitos pais querem saber!

Ventura Picasso. Grupo Experimental – 29112009.

2229

2.11.09

WAGNER GOMES

FATALIDADE

Radialista idealizador da Excelsior FM é enterrado

Sergio Guzzi - FOLHA DA REGIÃO
Segunda-feira - 02/11/2009 - 16h56

Araçatuba - Foi enterrado ontem de manhã, no cemitério Jardim da Luz, em Araçatuba, o corpo do radialista Wagner Gomes, 64 anos, morto na noite de sábado, em Mongaguá, vítima de infarto. Ele foi um dos responsáveis pela implantação da primeira rádio comunitária legalizada do município, a Excelsior FM, sintonizada na freqüência 104,9 MHz.Gomes morreu um ano e um mês após conseguir da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) licença para operar uma rádio comunitária no município, a Excelsior FM, instalada na casa onde morava, na rua Ana Nery, bairro Ipanema. A Excelsior FM tem abrangência de transmissão em um raio de 25 quilômetros. Gomes, que em Araçatuba trabalhou nas rádios Cultura AM e Difusora AM, iniciou carreira na década de 60, em São Paulo. Entre 1964 e 1978, ele trabalhou na Rádio Globo, como produtor, locutor e discotecário.

30.10.09



NEM RAUL SEIXAS
ESCAPOU!

Audiência Pública

Quantos medos cabem numa cabeça de político. O estado de alerta, a defesa imediata quando surpreendido por uma palavra, a resposta curta: − Professora, eu não estava colando!

“Estava esperando alguém escrever”.
Mesmo colando, o edil nega o flagrante.

Falar de luta marcial? Na Câmara? Não! Por favor, na casa de leis, onde se trabalha no campo das idéias, o debate nesse formato?

O discurso moralista e preconceituoso de um político, que usa o manto das imunidades para ofender, desdenhando das críticas e afirmando que não representa uma professora. Isso é como usar a liberdade de expressão para dizer mentiras!

Nós, eu e os seres humanos habitantes deste planeta, acreditamos cegamente na fala improvisada da professora. E se for ‘maluca’, melhor ainda, porque a minha melhor professora, a que mais amei, entre todas, era maluquinha. Quem acredita em político?

Discussão política, não é brigar a socos e pauladas. O medo é uma emoção saudável. Todos os seres humanos têm um tipo de medo. A professora maluca é ‘bacana’, como diz o prefeito; ela subverteu as normas da ‘casa da mãe Joana’, como diz o político. A autodenominada ‘maluca’, perdeu o seu medo e assustou a ‘autoridade’ presente. E agora?

Não somos perfeitos, o político pensa que é, mas é contaminado pelo medo. A vaidade inibe o senso crítico, e ele investe no ridículo. Falta capacidade para respeitar, aí está o medo. Entre nós, ainda existe o clichê: ”O meu direito termina onde começa o seu”. Alguns pensam que só os seus direitos prevalecem. Não se reelegendo onde irá parar: “O meu: Você sabe com que está falando?”.

Sem manipular a redação, a Doutora lembrou Raul Seixas, o cantor preferido dos internos do implodido Carandiru. As mensagens desse cantor contem um tipo de filosofia que não se aprende num curso de Direito.

Nem Raul escapou. O baú das maldades é aberto e nos revela as ‘qualidades’ políticas e o medo do político. O alvo de hoje, trabalhadores do SOSP, presos ou não, a professora, a juíza. Amanhã, a cor, a raça, a opção sexual a ideologia etc. Nos discursos mais elaborados estão os maiores pecados. E isso não cola. O povo de Araçatuba passa, acha graça, mas pede respeito.

Ventura Picasso
1851




8.10.09


“Letras de Chumbo”
FOLHA DA REGIÃO 15102009
VENTURA PICASSO
O caderno Vida da Folha da Região, em 29 de setembro de 2009, trazia em sua agenda na D2: “Noite de autógrafos – Nesta quinta-feira, 1º de outubro, o jornalista Fernando Sávio lança o livro-reportagem Letras de Chumbo – A imprensa na historia de Araçatuba”. Ed. COC 352 pg. R$35,00.

Trabalhei a noite inteira. As letras de chumbo que imaginei, e com as quais sonhei naquela noite, não eram as mesmas do Sávio. Na minha memória estava guardada uma Linotype Mergenthaler, “a oitava maravilha do mundo”. Senti o cheiro, o calor da morte lenta, provocado pelos vapores do chumbo derretido.

Não havia texto, eu escrevia palavras desconexas, encantado, observando cada tipo descendo, como se fosse montanha russa com looping, escorregando e tilintando alegremente para, num salto, abraçar sua vaga na linha das letras de chumbo. Um espetáculo inesquecível. Acordei cansado.

Ansioso, aguardava o dia do lançamento. A nobreza do Vívere Eventi, provocava os meus diabinhos maldosos, indagando como seria o movimento naquele luxo. Acaso encontraria na fila os 25 do “asfalto digno” (?), e o professor sem usina? Não quero saber, quero ser o primeiro a chegar.

Cheguei entre os primeiros, era 19h30’. Aguardando meu autógrafo, abri o livro na página 90. A carta do soldado Tito Cursino e de seu companheiro José dos Santos, vale a grandeza desse projeto gráfico sob a proteção de Chaim Zaher, resumindo em poucas letras, como vivíamos na década de 30. Como é gostoso rever o chumbão impresso naquele papel rústico amarelado. Tempos de crise internacional, mas ‘época da inocência’.

Na missiva, os soldados, por estarem em combate, encarregam o prefeito de avisar o alfaiate etc. (comprem o livro para ler a carta).

Por mim, se não o mais importante, é o mais criativo projeto gráfico, entre tantos outros, que marca o I Centenário de Araçatuba. Um jornalista, professor de jornalismo e de publicidade, demarcando o tempo com notícias de jornais. Sem duvidas é uma força histórica. Coisa para poucos. Não que os repórteres narrem a verdade absoluta, não é por aí. O Fernando selecionou em cada década, as melhores notícias de Araçatuba, veiculadas do primeiro ao último jornal editado em nossa cidade.

Jorge Napoleão Xavier, prefaciando a obra de Sávio: ... “O alvo de seu esforço hercúleo é registrar os fatos e eventos históricos, com metodologia, e não escandalizar.”

Continua: “Os artistas, os cantores, os locutores, os jornalistas, os redatores, os colunistas, os apresentadores, os amigos e os colegas tantos que o livro redescobre e nomeia, que saudades, que emoção!”.

Com livro autografado saí correndo para a Cia. Dos Blogueiros.
Grupo Experimental
2235

10.9.09


“O PRESIDENTE
RESPONDE”
8 de Setembro de 2009

Professor cearense perguntaNa Coluna "O presidente Responde", desta terça-feira, o presidente Lula respondeu a uma pergunta cavilosa de um 'professor' cearense (me mata de vergonha, professor) sobre sua predileção por jornais e educação [...]
Tantas perguntas relevantes que despertariam a atenção dos leitores como, por exemplo: 'Quais interesses a oposição e a mídia tem em obstruir a MP do Pré-sal', ou ainda sobre a própria profissão de pedagogo, mas o professor João Teles de Aguiar, 44, de Fortaleza, foi infeliz. Perdeu a oportunidade de ficar calado. Ele quis saber de Lula o seguinte:
“Dizem que o senhor não lê jornais e tem desprezo pelo conhecimento e pelo saber. Até que ponto isso é verdade?”
E o presidente respondeu:
“Na democracia, quem tem desprezo pelo conhecimento jamais chega a presidente da República”. “Eu recebo todas as manhãs um panorama de tudo o que foi tratado pela imprensa.
“Ao longo do dia, continuo recebendo informações de ministros, de lideranças políticas, empresariais e trabalhistas sobre questões nacionais e internacionais...”
“Não poderia dar informações se não tivesse informações”. E explica de forma erudita o porquê da aversão que desenvolveu em relação aos jornais.
“Alguns deles parecem ter se especializado apenas em notícias negativas, de modo que se tornaram capengas, deixando de transmitir as variadas dimensões da realidade”.
“Quanto ao saber, logo eu, que não pude ter uma educação formal, tenho feito muito mais pela educação do que governantes que tinham verdadeiras coleções de diplomas”.
Lula prosseguiu: “Em meu governo, estamos criando 14 novas universidades, 104 extensões universitárias...”
“...Concedemos 540 mil bolsas de estudos a jovens de baixa renda para curso superior...”
“...Duplicamos o ingresso de estudantes nas universidades federais e estamos construindo 214 escolas técnicas”.
Vá se informar, João.

Postado por:
Antonio Carlos Medeiros at 15:29

1.9.09


LAMBADA
FOLHA DA REGIÃO - 17092009
Ventura Picasso

Morei numa cidade do interior com quase trinta mil habitantes, porém, nos finais de semana, chegava a receber outras trinta mil de turistas curiosos. Nesses lugares, é normal ou comum, a ostentação. Os vaidosos humanos, revestidos de etiquetas das mais famosas grifes, brilhando como estrelas no firmamento, o ostensor iluminado ficava ‘se achando’, ainda mais quando vinha da capital pra dançar lambada ‘de três’. E tome carrão, motão e triciclão roncando nas alamedas com seus motores turbinados, sem limites ou controles.

Os modelos? Todos. As cores, as mais lindas. Eles saiam da rodovia e entravam na cidade como se estivessem no Spa de Francorchamps, de pé embaixo. A Rua Riachuelo era a reta de chegada. Assim como o Schumacher, eles passavam tirando uma fininha do meu portão. A gente não aplaudia claro, nem vaiava, não dava tempo. A Moët & Chandon, no pódio, não sobrava pro nosso banho.

O prefeito da cidade, José Gasparini, que não era doutor, era ‘amigo’ de todos. Não posso dizer que foi um bom prefeito. No departamento de águas, todos lidavam com água. Era de direita, rico e inimigo do PT. Sempre que nos encontrávamos ele reclamava: Picasso, esses ligeiras do PT que andam com você, me dão um (pt) trabalho. Eles nunca estão contentes com nada.

Mas, o Zé, era esforçado. Queria humanizar a cidade. Sabe companheiro, dizia (me gozando), ninguém consegue segurar o trânsito, aqui ou em outro lugar do Brasil, só existe uma única possibilidade, já testada por mim, de fazer esses ‘pilotos’ cafajestes obedecerem às leis de velocidade urbana: Chama-se ‘quebra molas’. Vou encher a cidade com esses obstáculos, e não vou sinalizar nada!

E continuou:
− Você conhece aquele engenheiro italiano que tem uma Alfa?
− Sei sim, todo engenheiro italiano tem uma Alfa.
− Pois bem, quando fiz o quebra molas em frente à Jatobá, o “carcamanno” vinha voando no Alfa. Ao pressentir que estava no mato sem cachorro, enfiou o pé no breque da ‘máquina’, como dizem os macarrones, a dianteira do fantástico móbile abaixou. Entrou com tudo no obstáculo, saiu sem o bujão do cárter, espalhando óleo pela avenida, o propulsor virou uma caixa de pregos. O Alfa fez um pit stop de dois meses. Enzo hoje, desfila pela cidade a trinta por hora, e certamente, faz splash and go pro resto da vida.

A filosofia do amigo alcaide, era coerente. Se quisessem dançar lambadas, antes, porém, teriam que pular lombadas, uai! O preço do quebra molas não estava na pauta do conselho, mesmo porque, quem mandava era o Zé. Agora uma coisa tem que ficar muito claro: Se fosse caro um quebra molas, sem dúvida, o Zé encheria todas as esquinas da cidade de bons buracos. Se há colesterol bom, deve haver buraco bom; né?

Ventura Picasso – Grupo Experimental - 01092009
2241

6.8.09


PUDIM DE LEITE
VENTURA PICASSO
FOLHA DA REGIÃO 13082009
Lendo “A utopia é científica” do Miguel Nicolelis, deu pau no meu PC. Liguei pro Renato e ele mandou: “Traz aqui pra eu ver, isso não é nada.” Desliguei trezentos fios, todos coloridos, e levei o traidor para uma leve revisão.
Encurtando, trocou a fonte de alimentação, trocou o winchester, trocou o PC inteiro.

Computador novo, tudo em cima, me acomodei na cadeira, liguei a máquina, o mouse quebrou. Que rato! O pudim está queimando, o cheiro de açúcar invadiu o escritório.

Eu ao telefone: Alô, Renato; O mouse quebrou. Traz aqui diz ele, isso tem, garantia.
Arranquei a porcaria da USB do CPU, enrolei o fio e rumei pra loja.

− Quebrou mesmo, não se preocupe que tem garantia. Leva pro vendedor ele troca.

O vendedor olhou de lado, de baixo pra cima, ele estava assentado e o cliente aqui em pé. Desinteressado pela ocorrência, que para o técnico não era nada, mas pra ele que vende, estava valendo vinte paus.

Com certo desprezo, e com conhecimento do produto foi falando:
“Isso não tem garantia, não. Sabe lá a força que você tem no dedo? Não posso garantir esse mouse, compre outro!”

Fiquei com cara de beque quando marca gol contra como diz, o filosofo e goleiro do Corinthians, Felipe. Saí ralando: nunca mais compro nada nessa boca de porco. Esse cara nunca vai sentir o cheiro do meu pudim.

Voltando pra casa muito revoltado, passando em frente de uma residência, uns vinte cachorros latindo ao mesmo tempo, parecia um coral. Cachorro quando olha pra mim tem que latir. Com essa cara que me deram, cachorro que não ‘me’ late é cego. Irritado, detesto cão e gato e pet shop. Em casa não tem pudim pra cachorro.

Atravessei a Rua Cristiano Olsen e dei de cara com uma revenda de bugigangas pra nerds que estão na moda. Fiquei sabendo que o Nabuco Donosor, não é o Negrão, é o pai dos nerds. Tem mouse pra vender?
− Tem sim senhor.
Tem garantia?
− Tem sim senhor.
Quanto tempo?
− Dois anos.
Quanto custa?
− Sessenta reais.
Tem desconto?
− Não senhor.
Aceita cartão.
− Acrescento 5% de custo operacional.
Em dinheiro não tira nadinha?
− Não senhor.
Esse cara não come o meu pudim.

Quero levar um fechado na caixa lacrada.

Subindo a Pereira Barreto entrei na recauchutadora de cartuchos e reclamei que a impressora não reconhece a tinta preta.
− À tarde, o motoboi leva outro pro senhor.

Descendo a Salles Oliveira, o meu Fusca foi interceptado por um Uno. Acabou a frente do mafioso, e o Fusca, ficou com a lateral traseira imprestável, com cara de rato. Na delegacia fiz o boletim de ocorrência e mandei o mecânico fazer o conserto.

Antes não tivesse ido ao Renato reclamar daquele rato. A bruxa me pegou e no frigir dos ovos, nem eu vou comer pudim. Pudim, hoje? Só pro Miguel Nicolelis!
06082009 2224 Ventura Picasso.




3.8.09


AGOSTO
VENTURA PICASSO - 29072009
Já não sei mais nada. Não dá para entender. José Sarney entocado. O nosso asfalto, a tal Oxford impugnou. O juiz, para ser admirado, pediu a devolução do kit, oops!
Cido Sério não desanima e recomeça. Aqui na terra a direita derrotada quer, a qualquer custo, engessar o governo petista: Por preconceito, por falta de percepção ou por ser petista?

Em Brasília os poderosos, estão sob pressão intensa, ambos tangenciando agosto, tentando explicar o inexplicável. De um lado o dono do Brasil, Daniel Dantas às voltas com o federal Protógenes e com o juiz De Sancts; do outro José Sarney, o político mais poderoso do país, quem diria, em confronto com seus velhos parceiros.

Em Araçatuba o atual prefeito Cido Sério herdou o abandono administrativo do velho. O prefeito cassado saiu pelos fundos deixando seus vícios, seus cúmplices e os inconformados com as derrotas jurídicas e política. Esperar o que de quem surgiu no PSD pré-AI-2, passando pela ARENA, PDS, PFL e DEM?

Em 2009 começamos agosto com a anulação do edital de licitação para reconstruir o piso asfáltico de nossa cidade. Antes, porém, o drama vivido pelas famílias das crianças que receberam o kit escolar. Segundo um juiz, as crianças deveriam devolver o kit à prefeitura. Abalados, alguns pequeninos, esconderam o tal kit. Nunca tiveram nada igual. Fiquei alarmado com a interpretação da justiça, ignorando o sentimento de pais e filhos e, embasada tão somente na letra fria da lei. O bom senso não tem letra. O Estatuto da Criança entrou em ação.

A devolução do kit, das crianças do fundamental, resolveria o erro do governo ao oferecer uma Araçatuba digna para todos?

No Brasil, mês de agosto é de cachorro louco. A historia imutável deixa-nos um rastro de recordações. A partir de 1954, o agosto inicial: Niemeyer projetou o Mausoléu Getúlio Vargas, na praça XV de Novembro em São Borja RS, onde repousam os restos mortais do presidente suicida, que deixou a vida na madrugada do dia de São Bartolomeu, em 24 de agosto de 1954.
Juscelino Kubitschek nos deixou em 22 de agosto de 1976. Jânio Quadros, não resistiu às forças ocultas, renunciou em 25/08/1961. Em 25/08/1992 foi aprovado o relatório do impeachment do ‘Caçador de Marajás’ Fernando Collor.

Agora, no jogo da berlinda, encontramos o poderoso José Sarney, que com a morte de Tancredo levou a presidência, e esticou o mandato para cinco anos sem alardes. De 1958 até hoje, transitou pela UDN, pela ARENA e PMDB. Ele dispensa protetores, mesmo em agosto, Sarney manda e protege.

Nós não temos asfalto. Cido Sério do PT não tem proteção. A perseguição é implacável. Mas, ‘navegar é preciso’. O navegador usa ferramentas de precisão para saber onde está. E ‘esse barco, meu caro, tem um leme’!

Ventura Picasso – Grupo Experimental

2273
"Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade" (Fernando Pessoa).

23.6.09



Diploma desnecessário:
uma vitória da lógica e da democracia

Correio da Cidadania por Luiz Antonio Magalhães
19-Jun-2009

Não é mais preciso de canudo para ser jornalista no Brasil. Em uma decisão histórica, o Supremo Tribunal Federal julgou na sessão de quarta-feira (17/06) a questão da obrigatoriedade de diploma específico para o exercício da profissão de jornalista. Foram oito votos contrários e apenas um favorável à exigência. Trata-se de uma vitória do jornalismo e da democracia brasileira, reafirmando as teses da liberdade de expressão e do livre pensamento, garantidas pela Constituição Federal.

Este observador já se manifestou sobre o assunto (
aqui e aqui, entre outros tantos comentários no Observatório da Imprensa ou no blog Entrelinhas) e sempre apoiou o fim da obrigatoriedade do diploma. Antes que alguém pergunte, cabe logo o esclarecimento: jornalista desde 1995, quem assina este texto não tem o diploma específico, é formado em História pela Universidade de São Paulo e abandonou, no terceiro ano, o curso de Administração Pública na Fundação Getulio Vargas para abraçar a profissão (opção esta que acarretou algum prejuízo material, certamente). É preciso, portanto, desde logo esclarecer que não se trata aqui de advogar em causa própria, pois ao longo desses quase 15 anos a falta de diploma jamais foi óbice para o trabalho em veículos tão diferentes quanto a Folha de S. Paulo, Correio da Cidadania, PanoramaBrasil, DCI, Valor Econômico, além, é claro, deste Observatório, desde o ano 2000.

A questão da exigência do diploma para exercício do jornalismo é na verdade até simples: a profissão de jornalista dispensa a formação universitária específica porque não existe nenhuma técnica, norma ou regra que não se possa aprender nas redações, trabalhando, ou seja, fora das salas de aula. Há diversas profissões com as mesmas características, além da de cozinheiro, citada ironicamente pelo ministro Gilmar Mendes. Publicitários, músicos, artistas, escritores são alguns assemelhados: é perfeitamente possível realizar o trabalho sem ter aprendido a teoria na escola.

Tudo que um bom jornalista precisa é de talento, curiosidade e vontade de aprender a exercer a profissão, seja na universidade ou no dia-a-dia de seu trabalho. E de preferência manifestar esta vontade ao longo de toda a sua vida, continuamente.

Salvo exceções, os melhores profissionais acabarão sendo os mais bem formados e para isto só há uma coisa a fazer: estudar bastante. Este observador recomendaria a um jovem que deseja ingressar na profissão que curse qualquer faculdade – pode ser Direito, Economia, Engenharia, qualquer das Ciências Humanas ou até mesmo Medicina, Química ou Matemática. Uma pós-graduação em Comunicação complementaria maravilhosamente a formação, mas isto não é uma necessidade imperiosa.

O fim da exigência do diploma acaba com uma barreira corporativista tacanha, levantada por um sindicalismo medíocre, e não significa em absoluto o fim das escolas de jornalismo. De fato, o fim da exigência não impedirá que muitos jovens continuem cursando jornalismo para ingressar na profissão. Atualmente existem excelentes faculdades de Publicidade e Marketing, embora o diploma não seja obrigatório para o exercício da profissão. Muitos profissionais que se destacam neste meio são recrutados nas universidades. Por outro lado, gente com talento especial e até sem educação formal alguma poderá exercer o jornalismo sem os constrangimentos dos defensores de um canudo que no fundo só servia para a manutenção de seus próprios feudos no meio sindical. Ou alguém imagina, em sã consciência, um sindicato dos escritores lutando pela exigência de diploma específico para a profissão de escritor; um sindicato dos atores tentando impor a freqüência em escolas de arte dramática para que seus pares subam nos palcos?

É claro que a Fenaj e as faculdades privadas (ou seriam fábricas de diplomas?) não vão dar a batalha por perdida, certamente vem aí algum projeto de lei estapafúrdio como o do Conselho Federal de Jornalismo para reinventar a obrigatoriedade do diploma. Afinal, ninguém larga a rapadura assim de graça, portanto, esta briga ainda vai longe, muito longe.

Tudo somado, porém, a verdade é que o STF tomou a decisão mais acertada. Não que a questão do canudo seja central na discussão sobre mídia e imprensa no país hoje, mas o fim do diploma obrigatório foi bom para o Brasil, bom para o jornalismo, bom para os leitores. O futuro vai mostrar a correção da decisão tomada em uma fria quarta-feira de junho.

Luiz Antonio Magalhães é jornalista.

26.5.09


Fogo de Encontro
FOLHADA REGIÃO - 28052009
Ventura Picasso

Não peço desculpas pelo que escrevo, mesmo por que, me ocupo e me comprometo com a verdade. Manipular a escrita de outros usando o que se chama ‘fogo de encontro’, para confundir o leitor, nunca farei.

Para confundir falam de democracia. Coitados dos ‘brancos’. Quando Cabral chegou a Terra de Santa Cruz encontrou lindas matas e rios, habitada por gente inocente, que gostava de festa, de musica, andavam nus e enfeitados com lindas plumas.

Anderson, não desista, defenda a inclusão de todos aqueles que estão sobrando e continue provocando.

O teu texto (Políticas afirmativas A2-21/5/2009) neste jornal, Folha da Região, é imprescindível. Em 1500, nesta Santa Cruz, se falava 1200 idiomas. Depois, esses infelizes ‘brancos’, coitados, batizaram a terra de Brasil e a povoaram de escravos.

Todos são iguais perante a lei, até os ‘brancos’ neonazistas de plantão, que não toleram os diferentes, estão sujeitos a ela. As leis protegem os indivíduos e a sociedade como um todo: homossexuais, índios, negros, brancos, crianças, mulheres, os sem isso, sem aquilo, indeniza os nossos heróis da resistência que lutaram contra a ditadura.

Negros e índios não são incapazes, são impedidos de competir em condições de igualdades. Felizmente existem bons ‘brancos’ como os da SPFW-S. Paulo Fashion Week, que acaba de assumir o compromisso de abrir vagas, em seus desfiles de moda, para 10% de modelos negros.

Esse “fogo de encontro” nos deixa uma lição: Quem exagera o argumento, prejudica a causa (F. Hegel). Exacerbar os argumentos preconceituosos, defender os limites da moral, da ética desses ‘brancos’ em nome da democracia, transforma uma causa, já sem fundamento, em inaceitável.

Lula tem um projeto para acabar com as diferenças sociais neste país. E nós aceitamos mais oportunidades aos excluídos, mais bolsas e cotas universitárias, mais merenda escolar.
Resolver problema social, não e proteção nem favor, é direito do cidadão.
Aprovo sem questionamentos os textos do Anderson A. Soares.

Ventura Picasso – Coordenador do Grupo dos Pensadores de Araçatuba.

1765

7.5.09



Eterno Retorno
Ventura Picasso -

'MENTE CAPTA' - (Folhetim - 23032003)

François Jacob, biólogo Nobel declarou: “Não existe criador nenhum nessa história, a vida é fruto de uma grande coincidência”. A partir dessa visão, outros pensadores afirmam que não existe deus, e que só o tempo é eterno. O universo em seu giro caminha solto no éter sem objetivo, não vai a lugar algum, a não ser ao seu eterno retorno, vida e morte.

A vida de Friedrich não tinha um objetivo. Não conseguia conviver em sociedade, e fomentava a solidão, mas não se habituava a ela. Jamais encontrou o código de comunicação com a felicidade. Uma amiga em Roma, Malwida von Meysenburg, autora de "Memorias de um idealista", wagneriana radical, diante de tal angustia, insistiu que ficasse para conhecer uma jovem russa.

Lou, psicanalista e escritora, nascida a 12 de fevereiro de 1861 em São Petesburgo. Uma intelectual alemã, nascida na Rússia, que escandalizou a sociedade quebrando regras morais. Friedrich, aos 37 anos, seduzido apaixona-se. Porem, ao propor-lhe casamento é recusado, restando a amizade, suportável pelo desejo, e na condição de discípula. Ele nasceu em 15 de outubro de 1844 em Röcken, localidade próxima a Leipzig na Prússia.

A nossa 3ª personagem deste eclipse, Sigmund nasceu em Freiberg (Moravia), em 1856. Não posso afirmar se Friedrich conhecia a obra de Sigmund, mas Sigmund conhecia a obra de Friedrich pela boca de Lou.
Foram contemporâneos.

As relações emocionais e intelectuais, de Salomé, com artistas e filósofos da maior importância do século, são impressionantes (Jung, Henri Bergson, Sartre); Viveu por cinco anos com Paul Rée em Berlim, fez um casamento aberto com Carl Andréas, e passa a usar o nome de Louise (Lou) Andréas-Salomé; Dez anos mais tarde encontra-se com René (Rainer) Maria Rilke, uma paixão de quase cinco anos. Em 1911, seguiu para Viena e viveu um romance com Victor Tausk e conheceu Sigmund, uma amizade que durou até sua morte em 1937.

Agora, abrindo o cofre das coincidências posso me fazer entender com facilidade. Em 1885, é escrita a ultima parte de Assim Falou Zaratustra, ou o evangelho de Friedrich Wilhelm Nietzsche. A Interpretação dos Sonhos, de Sigmund Freud, obra terminada no ano da morte de Nietzsche na cidade de Weimar, em 25 de agosto de 1900.

É seguro que Freud respeitava e queria estudar a obra de Nietzsche, para isso ele pretendia paralisar todas as suas atividades e dedicar-se ao estudo, pois tinha muito a ver com a psicanálise, não só o conteúdo da obra em si, mas a saúde de Nietzsche.

A obra de Nietzsche é descoberta em 1902, quando Freud tinha 46 anos, e é o marco do surgimento da psicanálise.
Para o 1º, a cura do homem é entender o homem e a lei (Super-homem).
Para o 2º, o respeito entre seu desejo e a lei (sob uma visão Edípica).

O encontro, ou a trajetória intelectual desses gênios, assim como o Big Bang, não passa de uma grande coincidência cósmica.

“Ouse, ouse... ouse tudo!!

Não tenha necessidade de nada!

Não tente adequar sua vida a modelos,

nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém.

Acredite: a vida lhe dará poucos presentes.

Se você quer uma vida, aprenda... a roubá-la!

Ouse, ouse tudo!

Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer.

Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso:

algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!!”

(Lou Salomé)

A produção literária de Lou esteve sempre muito ligada aos seus envolvimentos amorosos e da relação com Rilke, aos 36 anos, resultaram obras fundamentais como "A humanidade da mulher" e "Reflexões sobre o problema do amor".

Ata – SP – Folhetim: ‘Mente Capta’ - 23-03-2003 – Ventura PicassoAtualizado em 06052009 3067

6.5.09


Demagogia
VENTURA PICASSO
FOLHA DA REGIÃO
OPINIÃO - 5/5/2009

Como é agradável presenciar um jovem, futuro jornalista, identificando no meio da multidão, um carunchoso reacionário.

O Brasil é um país novo, em construção, reconstruindo e conservando tudo o que está pronto. Como se não bastasse às dificuldades orçamentárias, por tradição, fomos alcançados por todos os tipos de corrupção.

“Pequeno sou para dar aulas de política ou para fazer analise histórica dos 500 anos em que o Brasil foi conduzido por uma elite: primeiro colonialista, depois monárquica, mais adiante ruralista, passando por vários níveis de reacionarismo, em que a centralização do poder e da má distribuição de renda conduziram o Estado às condições de pobreza e ineficiência de que somos testemunhas hoje”.

Anderson Augusto Soares (“Demagogia”, Coluna dos Leitores, 30/4, A2), jovem, mas não pequeno. Você escreveu o que muitos brasileiros patriotas queriam escrever. Você escreveu por mim, por todos os homens e mulheres de bem, você escreveu pela nação.

A opinião do leitor Iranilson da Silva (“Demagogia”, Coluna dos Leitores, 25/4, A2), revela o oportunismo rançoso de uma pequena parcela retrógrada que ainda não aceitam o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como maior estadista que esta nação e o resto do mundo conhecem. Incluem-se nessa lista Barack Obama, que declarou, não à-toa, que Lula é o governante mais conhecido no mundo.

Não que os reacionários não saibam. Sabem tudo, mas sonham com o poder. O pesadelo é Lula na presidência. É Lula lá! Por isso essa manifestação mórbida contra a nação. Este país, nos últimos 5 anos acabou com a dívida externa, hoje somos acionistas e credores do FMI; Isso é muito chique!

O político mal intencionado finge que não vê, mas o passado é imutável e o futuro, a história que virá, pode deixar para esses jovens que já sabem separar o joio.
Ventura Picasso - 05052009
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30.4.09


Grito de Greve!

Em 30 de março de 1980, sem duvida, é o marco zero da historia política contemporânea brasileira. Em São Bernardo, a greve dos metalúrgicos que durou 41 dias estabeleceu novos limites entre os trabalhadores, as indústrias nacionais, multinacionais e governo. Os metalúrgicos de São Bernardo, Santo André, Taubaté e Jundiaí, após a indiferença patronal decidem entrar em greve.

Dom Cláudio Hummes, em apoio aos grevistas, abriu todos os salões paroquiais da diocese acolhendo os trabalhadores e suas famílias. O TRT não tem competência para julgar a legalidade da greve. S J do Rio Preto e Jundiaí retornam ao trabalho aceitando 6% de produtividade, sem estabilidade no emprego fixado peto Tribunal Regional do Trabalho. O mesmo acontece em Campinas e São Caetano.

Algumas empresas se dispunham a propor acordos em separado, mas o ‘Grupo dos 14’, da Federação das Indústrias de Estado de S. Paulo, não permitia. Em 17 de abril de 1980 Murilo Macedo, Ministro do Trabalho, decreta intervenção no Sindicato de S. Bernardo e Santo André. Na madrugada de 19/04 prenderam Lula e mais 19 pessoas sem mandado judicial e encaminhados ao Deops.

As prisões se sucedem Luiz Inácio da Silva e mais 12 dirigentes sindicais foram enquadrados na Lei de Segurança Nacional. Foram proibidas em S. Bernardo as comemorações do 1º de maio. Os locais de concentração dos grevistas estavam ocupados pela Tropa de Choque.

Dom Cláudio Hummes celebra a missa na Igreja Matriz em comemoração ao Primeiro de Maio. Terminada a missa, mais de 100 mil trabalhadores em passeata, obrigam a polícia a abandonar a Praça da Matriz, o Paço e o Estádio.

Em 09/05, os sindicalistas presos iniciam uma greve de fome exigindo a retomada das negociações e fim da violência policial. Era 11/05, em assembléia os trabalhadores aprovam uma moção para que os dirigentes presos suspendessem a greve de fome. A categoria suspende a greve. Em 20 de maio de 1980 o Deops liberta Lula e os demais dirigentes.

Naquele tempo, os trabalhadores sabiam que ao fim da greve não levariam nada. Mas, entre eles, havia uma consciência tremenda e afirmavam: ”Me ferrei, fui mandado embora sem direitos, mas estou preparado prá outra”.

Perderam algumas batalhas, mas venceram a guerra! Hoje os maiores salários do Brasil estão na região do ABCD.
Valeu...
24042009 Ventura Picasso - Para o Boletim do PT 01/2009
1931




Manifesto de Fundação do PT

Em 21 de abril e 1980, Luiz Inácio da Silva, mais 12 dirigentes sindicais foram enquadrados na Lei de Segurança Nacional. Essa punição bania da vida sindical, definitivamente, os dirigentes sindicais atingidos.

“Não podemos fazer política no sindicato, vamos fazer política partidária”, (mais ou menos) com essas palavras, Lula informou à sociedade que continuaria sua luta contra a ditadura.

Começamos a discutir a legislação pertinente. Precisávamos de um número de diretórios municipais em cada Estado. E no Brasil exigiam uma quantidade de Estados. Saímos do zero absoluto em busca de um partido de massas.

Muitos companheiros passaram a viajar por todos os cantos do país a procura de pessoas que quisessem fundar o Diretório Municipal em suas cidades.

Chegamos a Araçatuba e encontramos o jornalista Oswaldo Pena. Perguntamos o que fazia? Falou que estava prestes a fundar o PT na cidade. Demos meia volta e deixamos a região.

Tempos depois, soubemos que a (missionária) Maria do Socorro e o jornalista e escritor Donosor Negrão, finalmente fundaram o PT em Araçatuba. Como Socorro encontrou Negrão não sabemos. Ela freqüentava a igreja e ele os bares noturnos.

Naquele tempo escolhíamos os novos filiados que se dispunham a nos ajudar. Não aceitávamos o dono da farmácia, do armazém, do açougue queríamos os operários na direção do PT, fosse onde fosse.

Roque José Ferreira, hoje vereador em Bauru reclamava: “Aqui na cidade não existe metalúrgica; como fundar o PT sem metalúrgicos?” Muitos pensavam como Roque, que o PT, era um partido de metalúrgicos.

A cada tentativa de apresentação da papelada, ao Cartório Eleitoral, e conseqüentes atrasos, gerava uma ansiedade sufocante. Os prazos legais nos atropelavam.

Ainda não confiávamos na ‘Abertura Democrática’. Nossos documentos pessoais eram verdadeiros. Havia a hipótese de perdermos novamente a liberdade e os direitos políticos.

Falou-se, na época, que os documentos que seriam apresentados à Justiça Eleitoral foram roubados. Nunca testemunhamos fato semelhante.

Finalmente, após encontro realizado no Sion de SP em 10 de fevereiro de 1980, foi publicado no Diário Oficial da União em 21 de outubro de 1980, o Manifesto de Fundação do Partido dos Trabalhadores-PT, que nasceu da vontade de independência política dos trabalhadores.

PT – Saudações. Ventura Picasso – Filiado em março de 1981
2023


22.4.09


PT e o governo Cido Sério
Ventura Picasso
Jornal do PT - abril/2009

Fundado em 11/02/82, num ambiente político que acomodava o PCB, PC do B e PSB, não havia motivação para criar mais um partido comunista ou socialista, mas sim um partido dos trabalhadores organizados. E o objetivo principal, segundo os debatedores, que fosse um partido das massas assalariadas. Daí, Partido dos Trabalhadores-PT.

Foi, sem dúvida, o maior acontecimento político do sec. 20. Os erros cometidos pelos partidos de orientação socialista foram evitados no Programa, no Estatuto e no Manifesto do PT. Os avanços nas propostas partidárias superavam as do Partido Comunista Italiano-PCI, até então, considerado o mais moderno do mundo. A chamada mais importante do coletivo consistia em dar ao trabalhador o direito de administrar os bens por eles gerados.

Assim, um bancário de Araçatuba Cido Sério, sindicalizado e politizado segundo as normas do sindicalismo moderno, ingressa na Faculdade Toledo, se forma em direito e, assume a presidência da Afubesp em S. Paulo, logo após, se elege Deputado Estadual e em seguida vence as eleições para prefeito de Araçatuba, derrotando as forças mais conservadoras do Estado de S. Paulo. O operário assume o poder político deste município e nesta semana, presta contas dos CEM dias do novo governo.

A contradição que vitimou os partidos progressistas mais antigos, conforme testemunhei em várias ocasiões transitando na contramão da prática militante. Buscavam nas universidades, voluntários para ingressarem nas fábricas para conscientizar os trabalhadores.

Hoje o PT é um partido de massas. Distribuído no país governando muitos municípios e Estados. Em nossa região, a derrota imposta aos velhos senhores da política é um fato da mais alta importância, inacreditável. Apesar de, pela primeira vez, agregarmos tantos partidos em nossa coligação, sabemos como administrar as diferenças. Há, contudo, algumas barreiras. A democracia petista é vista com desconfiança por parte da sociedade, dos integrantes do governo, e porque não dizer, no próprio partido.

A dificuldade de saber onde somos diferentes. Conviver democraticamente com tantos partidos, superar seus vícios, orientar os nossos comissionados no caminho das liberdades democráticas, como governo, partido e militância, exige nossa atenção permanente em todas as ações de cada cidadão. O governo deve apresentar-se como exemplo de competência administrativa. “O modo petista de governar”.

Entre os grandes projetos apresentados até aqui estão: Licitação das galerias pluviais no Umuarama; Recuperação do reservatório ETA 1; Transferiu o prédio do Hospital Modelo ampliando o Fórum da Comarca de Ata.; Construção do novo centro administrativo do Corpo de Bombeiros; Inclusão de Ata. no PAC; Centro de Distribuição de Álcool BR Distribuidora; Universidade Aberta para Gestores da Educação e Formação Tecnológica; No Hospital da Mulher, mamografia e colonoscopia; PROCON itinerante etc., e por fim a tão esperada licitação para asfaltar, recapear e intensificar os trabalhos de manutenção das vias públicas da cidade. Aqui está uma descrição miúda dos CEM dias de Cido Sério do PT.
Texto original enviado aos editores do Jornal do PT

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5.4.09


DORA!
Ventura Picasso


Sempre soube que é um grande poeta. Faz o que quer das palavras, e o faz sempre, com graça. Não aquela graça mística, mas a que nos faz rir. No livro Experimentânea 6, Editora Somos, encontrei Laerte em Minguante: “Logo ontem que eu estava faminto, um poeta guloso deixou lá no céu um pedacinho da lua. Revoltado, fiz bolinho de chuva e afoguei sua poesia”.

“É Impressão Minha ou Estão Batendo na Porta?” Obra prima de Laerte Silva Junior da Cia. Teatral Um e Outro. Há mais de oito anos escreveu essa peça, mas aguardava a hora para lançá-la. Reunindo os artistas ensaiaram durante nove meses. O tabu ainda existe. Não é fácil escrever, dirigir e apresentar num palco, cobrando ingresso, o tema da pedofilia. Crianças são estupradas por médicos, violentadas nos palácios, ou na periferia entre vítimas da miséria.

No palco, percebemos a coragem para ser mais uma Dora. Todos nós somos Dora. Entramos no teatro pela porta dos fundos invadindo um espaço privado, particular e nos misturamos, para conviver com o silêncio do drama imposto pela violência sexual, e como eles, somos apenas Dora.

As chibatadas é a violência que deixam cicatrizes e marcas profundas todas as vezes que são abusadas. Uma goteira persiste como um martelo criando uma insuportável angustia. É a consciência confusa, é o corpo imundo que não se limpa. È a casa sem portas. A campainha toca, mas não há campainha, pessoas que não distinguem o certo do errado ou a dor do prazer. O telefone chama, mas já não há telefone! Vítimas eternas de uma perversão sádica repassável.

Todas as expressões artísticas trazem um forte conteúdo político e neste caso, Laerte ultrapassa a política e invade o universo filosófico. Busca a verdade. Não denuncia, mas aflito, quer debater a tese com quem puder naquela hora. Dora, lotando a platéia e ocupando o palco, drogada por chocolates, excremento, que destrói a moral, já não entende a realidade.

Sigmund Freud (1856-1934) não se conteve. Lança em 1896, a ‘Teoria da Sedução’ denunciando os efeitos nocivos das imposições sexuais contra crianças (Artigo: Complexo de Édipo e pedofilia de Jacob Bettoni – Folha de SP 14-11-2000). Ele quase foi à falência. Isolado por dois anos perdeu a clientela, mas resistiu. Entre as famílias à sua volta havia a prática comum da pedofilia. Seu pai, Jacob abusava de sua irmã e seu irmão. Sua paciente Emma foi violentada aos 12 anos.

Quando o entregador de pizza chega, a justiça acaba. Num raro lapso de lucidez vejo que “um poeta guloso deixou lá no céu um pedacinho da Lua. Revoltado, fiz bolinho de chuva e afoguei sua poesia.”
Levou Araçatuba ao Festival de Teatro de Pirassununga em 2009.
Vale à pena ver Laerte no teatro.


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27.3.09


MOCORONGO
VENTURA PICASSO

Incrível, estou no século XXI; No sec. 20 escrevíamos 21 em algarismos romanos. A evolução tecnológica, onde tudo é rigorosamente controlado por programas de informática sofisticados, que acionam robôs, variadores e automatismos complexos, manipulados por verdadeiros alquimistas cibernéticos, a serviço do capital, substituindo e deixando ao desemprego centenas de homens ávidos por trabalho.

Trazem o planeta nas mãos, e em alta velocidade confirmam um checking, ‘ok’, liberando ao taxi um DC10 para vôo com parte da carenagem de um dos motores batendo lata. O piloto disse que o LED não brilhou. Falha nossa? De quem?

Azar de quem estava em baixo. Casinhas frágeis, só o barulho dos três motores do monstro que voa, já é suficiente para derrubá-las. Mas, como o ronco sempre é pouco, do lado de cima veio uma casquinha da trazeira que cobre o motor daquele trem. Por onde passou rasgou tudo, atrás ficou o rastro de um tufão silencioso parando no pára-choque do velho Passat Bordeaux. A geringonça voadora é feita de alumínio galvanizado ou fibra de carbono, com pouco peso, ainda bem. Mesmo assim quebrou a cara do automóvel.

Por falar nisso, não é que um dia destes, quase fui atropelado! Na Praça Rui Barbosa, indo em direção à Raia na faixa de segurança. Alguém gritou: “Cuidado”.
Parei; o carro não. Passou tirando tinta do meu jeans. Por tradição familiar, aqui na cidade, ninguém respeita a tal faixa de segurança para pedestres. Mesmo assim fiquei indignado, vejam senhores leitores, o tal veiculo, todo adesivado e pilotado, possivelmente por um instrutor, pertence a uma auto-escola. Já pensaram o vexame? A chamada na primeira página do jornal: “Atropelado por carro de auto-escola”! As pessoas pensariam que não passo de uma múmia, mítica um mocorongo.

Do meu lado, preferiria morrer com uma turbinada de DC10 na testa; menos ridículo ou mais digno, sei lá! Claro não vamos contar com pé frio; né? Porque ir para o céu numa dessa, quem acreditaria? Nem São Pedro.

Mas, o Passat amazonense sem air bag segurou o latão aéreo. Se tivesse air bag ficaria estufadinho. Os projetistas de segurança automobilística não imaginaram que essa coisa pudesse cair sobre um carro da Volks. Nisso fico pensando no passado e no Fusca da Rufino: Triangulo! Extintor! Cinto de segurança! Kit de primeiros socorros! Air bag? Essa não, por favor! Onde ela vai instalar o air bag? Air bag não cabe no 69, vermelho desbotado, que já foi à Lua e voltou.

Agora, cá pra nós: Tanta exigência burocrática, controles, automatismos, engenharia, publicidade e luxo, mas o astro principal deste caso, um parafuso solto, no DC 10, em fim de carreira. E aí, quem é o dono do avião? Sai de baixo!

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18.3.09


SOLIDÃO
Ventura Picasso
FOLHA DA REGIÃO 02/04/2009

Em dezembro de 2008, quando a cidade completava 100 anos, deparei-me com um ser humano supostamente excluído. Dentro dos nossos padrões aceitáveis, conforme interpretamos os significados, a estranha figura desestruturada, do tal individuo, provocou em mim intensa curiosidade, não só pela sua aparência, mas principalmente por suas reações.

Segundo informação do jornal, ele não fala. A tentativa de uma abordagem civilizada, solidária, sempre é rejeitada. O que levaria um homem a esse ponto? Uma coisa é certa: Foi ele que abandonou o lugar onde vivia. Percebe-se facilmente que é uma atitude isolada e radical. A disciplina de seus atos, a partir da negação, ao ser alvo de interesses de outrem para ajudá-lo; beber água que corre nas sarjetas, fazendo com as mãos uma concha, como fazem ainda hoje, algumas tribos africanas. Alimentar-se de comida descartada, encontrada no lixo. Tudo nos leva a crer que é uma vítima, um ser invisível em seu próprio habitat.

A dificuldade ou o desinteresse da família, talvez da comunidade de entendê-lo, criou em seu mundo psíquico uma fantasia libertadora. Se fosse surdo-mudo, poderia conviver com os seus. No entanto preferiu o isolamento incompatível com a sanidade. Apoiado numa única vantagem pessoal, seus direitos democráticos, vagueia de improviso por onde bem entende. É um sem nada. Sem numero, ninguém pode encontrar um fio que o remeta ao passado. Seus trajes me levam a imaginar um interno abandonado num canto de um sanatório. Mas, não me parece que seja um deficiente mental.

Ele flutua em nosso meio livre como um pássaro. Corajoso, consciente ou inconsciente, deixa uma marca definida do que quer. Não teme os riscos, os preconceitos e a ausência de conforto. É mais livre do que qualquer um de nós. Conhece essa realidade. Está perfeitamente enquadrado nos padrões da burguesia. Não pede esmolas, não quer ser um chato. Anda pelas ruas, pelas calçadas e usa chinelos. Qualquer entidade decadente andaria descalço. Há certa sensibilidade em seus pés. Posso arriscar: ele nunca andou descalço. Será por acaso, mais um José nascido na Macondo de Garcia Marques, em ‘Cem Anos de Solidão’?

É um solitário? Ou esquizofrênico que não se ocupa do porvir? Qual é a sua verdade? Quem sabe? Ou ninguém sabe! Nas relações com os homens, com o mundo dos deuses e com a natureza, fora do sistema político não protesta, mas conduz o seu destino, mostrando no alicerce do seu caráter aventureiro, a aura de um vencedor. Os sentimentos que regem as emoções, a segurança, os prazeres do sexo, e até os alimentos etc. para nós necessários; para ele, que o vemos excluído, tudo é supérfluo, a sua verdade é a vida!

Foto:Alexandre de souza 17022009 Folha da Região

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11.3.09


Palpite Infeliz
Ventura Picasso
FOLHA DA REGIÃO - 17032009
A pressa dos oportunistas, muitas vezes, como aquele pára-quedista, que durante a queda se dá conta de que o pára-quedas ficou no bagageiro da Kombi. Não faz mal, pensou: até aqui tudo bem. Assim pensaria um político otimista, mas não tem volta é a moral da lei. O que foi falado não pode ser consertado. Como a lei da gravidade sem parágrafo, números e incisos. Alguns legisladores não conhecem nem essa lei. Enrustidos, quebram a cara de quem acredita neles, e eles por seu lado, otimistas buscam um remendo colorido.

Gosto de plagiar títulos, o de hoje é de Noel Rosa, só para lembrar um verso: “Quem é você que não sabe o que diz?" Quando o vereador disparou a falação, dizendo que não disse, foi um momento hilário. Sabíamos que seria a única saída. Político, já dizia vovô, quando fala pelos cotovelos, é sempre uma fala provisória.

Eles sabem que a qualquer momento, vão dizer que não disseram. E lá estava, como um boneco de ventríloquo, falando que não falou em extinguir a secretaria, dizendo: “Se é para terceirizar, não precisamos de secretaria” falou lá do alto, arrumadinho e aparecendo na TV, afinal a imagem vale muito. Todavia, o discurso original ecoa no éter: “É melhor que o prefeito extinga a secretaria.”

Do mesmo modo, ao dizer que não é nada pessoal, sugere que o salário do secretário Hélio Consolaro poderia ser utilizado pelo município em outras ações. Não perdendo a pose, o vereador que tem o nome estampado no muro todos os dias, ano após ano, sendo que ninguém questiona, tentou convencer a platéia, os ouvintes e os tele-expectadores, de que tudo que falou foi mal interpretado.

Da nossa modesta ótica, entendemos que, segundo interpretação do edil a Secretaria Municipal de Cultura, possui em seu coletivo uns 200 funcionários. É tudo questão de interpretação. Na prática, Hélio Consolaro, em seu staff conta com menos de meia dúzia de servidores. Que ninguém nos ouça: Tocar um carnaval como o de 2009, numa cidade com 180 mil habitantes, sem terceirizar, só mesmo se for um comissionado indicado por esse gênio do legislativo.

Abestalhado com o discurso da hora, distraído, alguém pisou no meu pé. Um par de sapatos novos. O felizardo é moderno e não pediu desculpas. Olhando a biqueira carimbada lembrei que tinha um sapato. Não só do sapato, porém do Bush, isso mesmo, uma sapatada. As coisas vão acontecendo e a gente vai relembrando. O da lei ali na tribuna era passível de uma sapatada. O meu sapato é novo, não fere os pés, custou caro e um cara desses não vale uma sapatada. Cá pra nós: Já pensaram um botinão furado, fedido e voando sem pára-quedas em direção à tribuna?

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8.3.09


UM PASSEIO COM FREI BETTO
Passeio Socrático

Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão. Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?'

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...' 'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!'

Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizi nho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. E somos também eticamente virtuais...

A palavra hoje é 'entretenimento' ; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo.. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc Donald...

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrático.' Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia:
"Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz !"

Frei Betto

1.3.09


Maquiagem


Ventura Picasso
FOLHA DA REGIÃO - 03032009

O governo do PT tem a mania de inverter as prioridades.
Por isso, os mais necessitados são sempre o foco principal. Após a posse de Cido Sério em 2 de janeiro de 2009, de cara, esta cidade amanheceu com outra cara, uma cara feliz.

Até na audiência de prestação de contas na Câmara, o público presente, tinha outra cara. Na happy hour, em todos os finais de semana, a maquiagem é necessária, a beleza é agradável, além é claro do cheirinho de limpeza das ruas, dos bares e restaurantes.

Porém, não se trata apenas de maquiagem. A lipoaspiração que é feita nas galerias pluviais. O projeto de recapeamento asfáltico tão esperado e acontecendo. O governo do PT está empenhado em fazer todas as plásticas necessárias para reconstruir a cara da cidade.

E não é só isso, a psicanálise que é feita na Caixa Preta é fundamental. Imaginem senhores leitores, a depressão da pobre cidade nos últimos cem anos. Coitada, cabisbaixa e calada, sem revelar seus problemas com o INSS, com o PASEP, com o PRODEAR e outros, e acumulando 230 milhões de problemas. É divã para o resto da vida!

Concluindo, a maquiagem, a lipoaspiração, as plásticas e a fisioterapia têm como objetivo transformar Araçatuba num lugar alegre e bonito para todos. Esses problemas já estão na conta da equipe e do prefeito Cido Sério com quatro anos de carência. Aguardem!

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14.2.09

PATRULHAMENTO IDEOLÓGICO

Aí está Anderson:
É possível ser petista e ser imparcial. O compromisso com a sociedade está acima das paixões políticas, até mesmo do PT.

Espero que o Fernando Verga siga princípios fundamentais da ética e da moral em todos os trabalhos que for imcumbido de preparar. A denúncia ou o elogio caminham lado a lado, constantemente evitando a mentira, para isso, o carater do jornalista fica em sua conciencia como um capetinha procurando confusão.

Sendo assim, os olheiros que desenvolvem o patrulhamento ideológico, sem dúvidas, quebrarão a cara. Espero que ele, como companheiro do PT, tenha acima de tudo, a coragem de passar à opinião pública, todos os erros e acertos do nosso governo.

Essa é a melhor forma de proteger e ajudar o governo de Cido Sério, o povo de Araçatuba e o Partido dos Trabalhadores PT.


Selecionei o parágrafo abaixo que está nos comentários da cobertura feita por vc na UniToledo.

"Um aluno ingressante perguntou-lhe sobre como Verga se sentia sendo petista e trabalhando para uma prefeitura que tem o PT no governo.

E a imparcialidade?"

"Não acredito muito nessa coisa de imparcialidade, e eu sou militante do PT muito antes de me decidir jornalista", lembrou Fernando.
"E é melhor você trabalhar numa coisa em que você acredita, isso nunca me impediu de fazer um bom trabalho, muito pelo contrário", reiterou. "

NEPOTISMO

Folha da Região de Araçatuba

Prefeito afirma que demitirá parentes

Sergio Guzzi
Sexta-feira - 16/01/2009 - 03h01

Araçatuba -

O prefeito Cido Sério (PT), que estava na última quinta-feira (15) em viagem oficial a São Paulo, afirmou à Folha da Região, por telefone, que determinou à coordenação de gabinete da Prefeitura de Araçatuba a elaboração de relação dos nomes de servidores comissionados com grau de parentesco que caracterizem nepotismo para baixar decretos de exoneração nos próximos dias.

"Não tenho parente em situação de nepotismo na Prefeitura. Por conta disso, não posso administrar parentes de outras pessoas que compõem a gestão municipal", disse, afirmando que não mais permitirá que servidores comissionados com grau de parentesco atuem em repartições do Executivo e do Daea (Departamento de Água e Esgoto) de Araçatuba.

O assunto nepotismo começou a manchar a imagem da administração de Cido Sério após a Folha da Região publicar, na última quarta-feira, que o coordenador de gabinete, Cleosvaldo Frade Gomes, e o secretário de Negócios Jurídicos, Evandro da Silva, tinham respectivamente uma sobrinha e um irmão nomeados na Câmara e na autarquia. Após a primeira matéria, que resultou na exoneração de Juliane Rodolpho Frade Gomes, a reportagem teve acesso a outras contratações que, na interpretação do vereador e advogado Ermenegildo Nava (PSC), do Sisema (Sindicato dos Servidores Municipais de Araçatuba) e do próprio Departamento Legislativo da Câmara, caraterizam a prática do nepotismo na gestão municipal.

Para Nava, a nomeação de parentes para cargos de direção, chefia e assessoramento também são proibidas conforme súmula vinculante do STF (Supremo Tribunal Federal) que, no ano passado, proibiu qualquer prática de nepotismo nas três esferas do Poder Executivo, Legislativo e Judiciário.

Pelo que levantou a reportagem, o Daea é o local onde se concentram os principais casos de nepotismo na gestão do petista Cido Sério. De seis contratações de parentes até identificadas na administração municipal, quatro estão diretamente ligadas à autarquia.

PENTE-FINO
Nos próximos dias, novos nomes podem surgir se realmente a coordenação de gabinete da Prefeitura passar o pente-fino como determinado pelo chefe do Executivo, que já demonstra descontentamento com a forma como as nomeações de servidores comissionados foram processadas.

"Eu já disse que em nossa administração não haverá espaços para nepotismo. Eu não tenho parentes nomeados de forma irregular, por isso não vou permitir que outras pessoas tenham", diz o prefeito. "Determinei que fizessem a relação dos casos que caracterizam essa prática para que todos os irregulares sejam exonerados", afirmou Cido Sério na conversa por telefone que teve com a Folha da Região, na última quinta à noite.

Irmão pede para sair
O gabinete do prefeito Cido Sério (PT) recebeu no início da noite de ontem o pedido de demissão encaminhado por Éderson da Silva, até então diretor de Planejamento e Obras do Daea e irmão do advogado Evandro da Silva, secretário de Negócios Jurídicos.

Na carta, Éderson faz elogios ao prefeito e à direção da autaquia e garante que seu afastamento visa preservar a administração, o presidente da autarquia, José Luiz Fares, e seu próprio irmão. "Nunca foi minha intenção causar constrangimento à Vossa Excelência e a esta mui séria gestão democrática e ética", diz em trecho da carta.

ATUAÇÃO
A nomeação de Éderson foi sustentada com unhas e dentes pelo presidente do Daea, José Luiz Fares, que chegou a dizer que sua atuação ficaria prejudicada sem o auxílio do diretor de Planejamento e Obras, com que trabalhou enquanto presidente da Aean (Associação dos Engenheiros e Arquitetos da Alta Noroeste). Na defesa, Fares chegou a exagerar na interpretação da moralidade por tanto tempo pregada pelos petistas da cidade, na questão do nepotismo. O presidente do Daea, em entrevista à Folha da Região, disse que moral era coisa "subjetiva". S.G.

Nava demite assessora

Tido como um dos principais fiscalizadores do nepotismo em Araçatuba, por pouco o vereador Ermenegildo Nava (PSC) não cometeu o mesmo erro na nomeação de assessores parlamentares para seu gabinete na Câmara de Araçatuba. Na última quinta-feira (15), ele confirmou à Folha da Região que impediu que Eunice da Silva Andrade Pedrosa tomasse posse do cargo para a qual havia sindo nomeada em seu gabinete após descobrir que a futura assessora parlamentar tinha um irmão também contratado como servidor comissionado do Daea. "Ela me comunicou disso e eu disse que, então, ela não trabalharia mais comigo. Comuniquei a direção da Câmara que providenciou as medidas para que ela nem tomasse posse do cargo".

DIRETOR
Na última quinta, o diretor-geral da Câmara, Edson Gomes, também se explicou sobre a nomeação da própria irmã no Daea . "Eu fiquei sabendo disso ontem (anteontem). Conversei com a presidência do Legislativo que vai comunicar o Executivo sobre essa questão", diz. "Como ela foi nomeada posteriormente à minha indicação, legalmente as medidas cabíveis têm que ser tomadas pela Prefeitura." S.G.

Coordenador indicou advogado à autarquia
Levantamento feito pela Folha da Região na última quinta-feira levou ao número de quatro nomeações em situação de nepotismo no Daea (Departamento de Água e Esgoto de Araçatuba). Além do caso que envolveu o irmão do secretário de Negócios Jurídicos, um advogado indicado para atuar na autarquia, cuja mulher também foi nomeada para cargo de chefia na Secretaria de Fazenda, teve indicação do coordenador de gabinete da Prefeitura, Cleosvaldo Frade Gomes.

O advogado em questão é Steve de Paula e Silva, que, na última quarta-feira (14), tentou convencer a reportagem de que a indicação de Éderson da Silva para o cargo de diretor de Planejamento e Obras do Daea era legal, conforme sustentava o presidente José Luiz Fares. Ele é marido de Liege Alves Machado de Paula e Silva, comissionada na Fazenda como chefe da Divisão de Controle Interno.

Em conversa com a reportagem, o coordenador de gabinete disse que indicou Steve e a mulher para trabalhar na campanha eleitoral de Cido Sério e que por conta disso o grupo de apoio ao prefeito o indicou para cargo no Daea. A nomeação de Liege para chefia de divisão na Fazenda, segundo Leosvaldo, foi de responsabilidade da secretária Maria Auxiliadora Alves da Silva.

À Folha da Região, Cleosvaldo negou informação de que ele, que também atua como advogado, era sócio de Steve em um escritório de advocacia. "Nós tínhamos salas independentes alugadas em um mesmo escritório. Somos amigos, mas não sócios", disse.

Os demais casos no Daea, que, segundo fontes consultadas pela Folha da Região, caracterizam o nepotismo, envolvem até o diretor-geral da Câmara, Edson de Souza. Ele é irmão de Mara Regina Gomes Cambuhy, nomeada na autarquia como chefe do Serviço de Expediente. Ela é mulher de Valério Cambuhy, candidato a vereador pela coligação que elegeu Sério.

Outro nome da coligação do prefeito com cargo no Daea é Vítor Botelho, cujo filho, Agnaldo Botelho, foi nomeado para chefe do Serviço de Abertura e Fechamento de Água. Apesar de o servidor ser do quadro efetivo da autarquia, segundo o advogado e vereador Ermenegildo Nava (PSC), a nomeação é irregular porque o pai dele também ocupa cargo de confiança na Sosp (Secretaria de Obras e Serviços), no posto de diretor do Departamento de Apoio Administrativo.

Carlos Nova, um dos articuladores da campanha do prefeito e nomeado como diretor do Departamento de Turismo e Lazer, também teve a companheira, Maria Angélica Momenso Garcia, indicada para o cargo de chefe do Serviço de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da Secretaria de Cultura. S.G.



15.1.09




RESSACA!

Ventura Picasso

Na ultima crônica na coluna Soletrando, em 15/01, na Folha da Região, manifestei uma esperança no governo Cido Sério acima dos limites que ele pode oferecer. Exigi o impossível. Paguei caro. Citei uma frase da ex-ministra Marina da Silva sobre a causa e o cargo. Caí da mudança. Aqueles secretários que não deveriam existir, existem, estão assinando documentos no primeiro escalão do governo do PT. Os funcionários que exercem cargos em comissão, e de confiança, não são confiáveis.

Imagine como me sinto Dona Otília. Não bebo, mas acordei de ressaca. A senhora não sabe o que é um fogo de saquê quente. Assim estou. Fiz um Molotov, receita de bêbado: Estomazil, Epoclér e Engov em meio copo de água morna. Tombei sem pestanejar, de uma vez. Não funcionou agora me resta obedecer ao Ministério da Saúde, só um médico pode me ajudar. Talvez o Dr. José Maria não resolva. È caso para psiquiatra.

Uma cidade administrada por qualquer partido político tem o direito adquirido de errar a vontade. O governo petista, não pode errar, não tem esse direito. Os dois secretários envolvidos nesse escândalo, infelizmente são membros do PT. O advogado Evandro da Silva tenta argumentar, em defesa do irmão Éderson: fala, fala e fala, mas não convence. No governo o papel de um Secretário de Negócios Jurídicos é exigir que as leis sejam cumpridas, e não procurar brechas na lei para atender suas expectativas, muitas vezes, legais, porém imorais.

O Diretor de Coordenação de Gabinete, Cleosvaldo Frade Gomes, conhece todas as possibilidades técnicas e políticas do governo, ou deveria, e manter o prefeito bem informado sobre o universo que o cerca.

O Paposo, vereador aprendiz, nomeou a Juliene Frade Gomes Souza como sua assessora. Soubemos que ela o ajudou a regularizar as contas de campanha. E quem a indicou para assessorar o ex-candidato?

Mas, o pior está por vir. É doloroso para um trabalhador acordar desempregado. O Brasil é signatário dos Direitos Humanos, onde se entende que todos têm direito a vida. Para manter a vida precisamos de trabalho. O tal vereador providenciou o pedido de exoneração de Juliene. É possível, no governo do PT, a corda arrebentar na ponta mais fraca?

Sou um romântico irrecuperável com muita honra, os meus leitores sabem disso. Há quanto tempo não usamos a palavra honra embasada na ética, na moral. Não seria oportuno que esses dois petistas secretários, em nome da honra, apresentassem a carta de demissão em detrimento dos funcionários contratados indevidamente, evitando maiores constrangimentos a Cido Sério? Éderson e Juliene precisam do emprego, e nós precisamos lavar a honra!

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