sex, 04/07/2014 - 06:00 - Atualizado em 04/07/2014
- 10:18 - http://jornalggn.com.br/noticia/os-grupos-de-midia-nao-estao-a-altura-do-pais
Luís Nassif
A Copa do Mundo desnudou um dos
maiores e mais relevantes problemas do país: o déficit de informação.
Talvez tenha sido o maior
desastre jornalístico da história, mais do que o episódio das Cartas de
Bernardes, o Plano Cohen ou a manipulação inicial sobre o movimento da diretas.
Isso porque revelou métodos anti-jornalísticos não apenas para o público mais
politizado e bem informado, mas em cima de um tema nacional – o futebol.
E no momento em que as redes sociais já haviam acabado com a exclusividade que
a mídia detinha na disseminação de notícias.
O episódio abriu uma enorme
brecha na credibilidade dos grupos de mídia, em cima de pontos centrais:
1.
A não confiabilidade das informações.
2.
O fato dos grupos colocarem seus objetivos
políticos acima do próprio interesse do país.
A informação correta é elemento
central não apenas para a democracia como para o mercado.
Milhares de comerciantes, hotéis,
pontos turísticos foram prejudicados pela redução do fluxo internacional
provocada pelo terrorismo praticado pelos grupos de mídia em cima de
informações falsas.
***
E, fora da Copa, quais os
critérios de análise de políticas públicas?
A política econômica é a de maior
visibilidade devido aos indicadores existentes: PIB, contas externas,
investimentos públicos e privados, emprego, questões fiscais etc. E nesse item
o governo Dilma vai mal.
***
Mas o governo Dilma não é apenas
isso.
Há uma frente social importante,
com o Bolsa Família, Brasil Sem Miséria, Luz Para Todos, Brasil Sorriso,
Pronatec etc. Nesse campo, as informações são escondidas.
***
E nos investimentos públicos?
Tome-se o caso do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). É um programa
bem sucedido ou não?
Há duas fontes de informação: os
grupos de mídia e o governo.
Do lado dos grupos de mídia, a fiscalização
do PAC segue a receita padrão Copa do Mundo. Se uma obra está 90% completa, a
reportagem é sobre os 10% que faltam. Como o PAC engloba centenas de obras,
basta selecionar algumas que não deram certo para passar ao leitor a sensação
de que nada deu certo.
Ontem caiu um viaduto em Belo
Horizonte. A obra era de responsabilidade da Prefeitura. As manchetes online
dos grupos de mídia debitavam a queda ao PAC. Dá para confiar?
***
Do lado do governo, é o oposto.
Basta selecionar uma dúzia de obras que deram certo, para supor que o conjunto
deu certo.
Depois, esse caos de informação é
potencializado pelas disputas nas redes sociais.
***
O próprio PAC tem um balanço bem
feito, financeiro e físico. Mas não há um balanço qualitativo nem o peso
das obras em relação às necessidades totais do país.
Por exemplo, o PAC divulga todas
as obras rodoviárias que estão sendo feito ou já foram completadas. O que
significam dentro da malha total brasileira? São significativas ou atendem a
apenas um percentual ínfimo das necessidades?
O mesmo em relação as obras
ferroviárias, à transposição das águas do rio São Francisco, às hidrovias.
***
Em suma, tem-se um país moderno e
um país anacrônico. Gestão pública consegue avanços mas grupos de mídia, até
agora, não conseguiram atravessar o Rubicão da modernidade.
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