4.7.07


APOSENTADOS TRAÍDOS?
Folha da Região -
30-06-2007

Quando a Assembléia Legislativa, com maioria do governo aprovou a emenda aglutinativa ao PLC 30/2005, que trata da “reorganização” do Sistema de Previdência Pública (SPPrev), provocou um choque, não de gestão, mas emocional tirando a tranqüilidade dos servidores aposentados, que se mobilizaram para defender, apenas a participação, mesmo correndo riscos, na direção executiva do novo sistema. A legislação federal indica para essas diretorias, a reunião de representantes do governo, dos servidores ativos e aposentados organizados. O governador, só aceita como parceiros, funcionários públicos de sua confiança e por isso, alguns leitores perguntaram:

─ E agora, o que vai acontecer?
Não tive resposta; não sei, nem o governador de plantão o sabe. Esperei até agora, aguardando uma ação magnânima dos deputados do governo, mas nada. Desumanos, não incorporaram uma cultura solidária e social que o nosso povo merece. Enquanto existirem entre nós ONG’s distraindo idosos, Centros de Defesa dos Direitos Humanos, Estatuto dos Idosos etc. nunca tão eficazes e eficientes, como as associações protetoras dos animais, infelizmente, nossa conjuntura se resumirá, a essa democracia de grupelhos.
No Brasil os trabalhadores com registro em carteira, nos cargos públicos ou privados, o desconto previdenciário é automático e obrigatório. Se bem administrado esse sistema poderia ser o maior e melhor clube de seguridade social do mundo. A tucanagem quer privatizar o sistema, do contrário respeitariam os milhões de associados, mas falta-lhes vontade e competência.

Trecho da declaração de voto do Deputado Roberto Felício, pela Bancada do Partido dos Trabalhadores, contra o PLC nº. 30: “Quero chamar a atenção dos líderes desta Casa de que não basta nas regiões fazerem o discurso da defesa dos servidores públicos, de que não basta na região, dialogando com o professor lá da sua cidade, com o trabalhador da saúde, dizer que gosta dos servidores, que defende os serviços públicos, que a mamãe foi professora, que o tio já foi enfermeiro e por aí afora e agora se somar ao Governo do Estado, assinando a emenda aglutinativa do Governador. Quero chamar a atenção dos presentes, os líderes que rubricaram a proposta do Governo aqui: não adianta irem para a sua cidade, para a sua região e jurarem de pés juntos que gostam dos servidores públicos. Os senhores estão assinando o documento que trai a causa do serviço público no Estado de São Paulo, uma assinatura que trai o desejo de resolver os problemas da educação, o problema da saúde, o problema do transporte, o problema, enfim, daquilo que afeta não apenas o interesse do servidor público mas o conjunto dos 40 milhões de brasileiros que vivem neste território, o Estado de São Paulo”.

A injustiça zunindo nos ouvidos dos aposentados, inconformados, sabendo que não há interesse do governo em atender qualquer reivindicação, heroicamente, se mobilizam. Por ser uma categoria improdutiva, diante de um governo neoliberal, essa advertência trágica, para os governantes, não passa de comédia. Os departamentos do estado dessa área, estão preocupados com os índices da probabilidade de vida que resta a cada idoso. Essa pesquisa interessa às agências funerárias, e não aos aposentados traídos, impelidos ao novo SPPrev.

Ventura Picasso: Coordenador do Grupo Experimental da AAL – junho/30/2007
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