20.12.06


Contos mínimos – 4

Maria Cândida com sua troupe quando entrava no hotel, procurava o gerente e recomendava: “quero três apartamentos iguais, os melhores; Dona Benedita, minha secretária, deve ser atendida sempre que solicitar algo; Para o motorista Marreco, liberdade total no bar, boate e restaurante, e ele não pode, em hipótese alguma, ficar sem uma agradável companhia”.

Boa noite a todos, despedia-se Cândida e recomendava: ”Benedita, por favor, providencie e avise-me quando o jantar estiver servido”.
A cozinheira de tão discreta, parecia assombração, surgia do nada e desaparecia do mesmo jeito.
Marreco permanecia no hall paginando os álbuns das ‘acompanhantes’, o porteiro de plantão, ajudava dando detalhes de cada menina: ”Este álbum só tem gatinhas em início de carreira, e neste outro, as mais experientes da cidade, coisa fina”. Marreco, cansado da viagem folheava, lia relia cada currículo, o porteiro incentivava, mas nada.

Jogando os catálogos sobre a mesa de centro falou: “não quero jantar, vou ao bar beber um uísque”
Subiu ao apartamento, e como sempre, após um bom banho através do interfone fez o pedido: “Por favor, informe à cozinheira Benedita, que traga o jantar no meu quarto, e como de costume, um champanhe nacional, obrigado”.
Concentrado na imagem da mulher que ninguém via, e que surgia do nada, pensava: “Não tem mulheres e comidas mais gostosas do que a Benedita”.

1204 - Ventura Picasso - fev2006

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