13.11.25

Chacina no Rio é complô contra Lula

 

'Chacina no Rio é parte de um complô contra o presidente Lula', aponta Paulo Sérgio Pinheiro

“O Rio e outros estados se se parecem como fortalezas contra o poder federal”, avalia o ex-ministro

13 de novembro de 2025, 09:36 h

Paulo Sérgio Pinheiro

Paulo Sérgio Pinheiro (Foto: Brasil247)

Conteúdo postado por: Guilherme Levorato

247 - A entrevista concedida pelo professor titular de ciência política da Universidade de São Paulo (USP) e ex-ministro da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Paulo Sérgio Pinheiro, à TV 247, expôs a avaliação de que a mais recente chacina no Rio de Janeiro integra uma operação com motivação política contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo o ex-ministro, a perícia criminal fluminense reproduz um problema estrutural que se arrasta há décadas. Ele afirma que “a perícia do Rio de Janeiro, como todo órgão policial, está totalmente controlada pelo governo de extrema-direita do governador Cláudio Castro”, ressaltando que o Brasil constitucional ainda não conseguiu garantir independência técnica nesses órgãos. Para ele, o fato de as secretarias de segurança seguirem à frente das perícias significa que “os próprios investigados controlam a perícia”, o que inviabiliza investigações isentas sobre operações policiais deste tipo.

Pinheiro também avalia que o ambiente político e institucional fluminense se consolidou como um território resistente à atuação do governo federal. “O Rio de Janeiro e outros estados se parecem como fortalezas contra o poder federal”, declarou, criticando o que considera uma cultura consolidada de autonomia armada.

Outro ponto destacado foi a intenção da extrema-direita de classificar organizações criminosas como narcoterroristas, medida que ele considera despropositada. Para Pinheiro, “considerar organizações criminosas como narcoterroristas é realmente um absurdo total”, uma estratégia que, segundo afirma, serve mais ao discurso político da extrema direita do que à realidade das investigações.

Ao comentar a megaoperação que mobilizou 2,5 mil agentes, o professor foi enfático ao apontar elementos que, em sua visão, reforçam o caráter político da ação. “Tudo foi montado para ser gravado, os 2,5 mil homens… Para que 2,5 mil homens? O que eles fizeram?”, questionou. Ele destacou a cobrança do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que solicitou detalhamento da atuação de cada agente mobilizado. Para Pinheiro, o episódio se insere claramente em “um contexto político de uma conspiração, de um complô de extrema direita, depois da condenação de seu líder máximo [Jair Bolsonaro] e seus capangas generais que estavam a fim de dar um golpe”.

O cientista político avalia ainda que o país enfrenta um acúmulo de distorções institucionais que corroem a democracia. “É um conjunto de excrescências que a governança democrática não conseguiu ainda debelar”, afirmou, defendendo novas formas de enfrentamento às dinâmicas de segurança pública dominadas por governos estaduais alinhados à extrema direita.

Para Pinheiro, qualquer tentativa de cooperação que envolva os atuais gestores estaduais está fadada ao fracasso. “Isso só vai ser debelado se for feito de maneiras diferentes. Não adianta criar um centro de cooperação com o próprio autor da chacina, que é o governador Cláudio Castro”, declarou. Ele completou afirmando que “ele e outros colegas só veem essa forma de lidar com o crime organizado”, criticando a lógica de operações espetaculosas e sem transparência que, na avaliação do pesquisador, aprofundam a crise de segurança no país.