23.11.25

Seu pai abriu 700 mil covas

 

"Seu pai abriu 700 mil covas na pandemia", diz pastor na cara de Flávio Bolsonaro; vídeo. Religioso criticou duramente Jair Bolsonaro em vigília convocada por Flávio e acabou hostilizado, perseguido e agredido por apoiadores bolsonaristas

23 de novembro de 2025, 02:49 h

Ismael Lopes

Ismael Lopes (Foto: Reprodução redes sociais)

Redação Brasil 247 avatarConteúdo postado por: Redação Brasil 247

247 – A vigília organizada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para defender o ex-presidente Jair Bolsonaro terminou em violência após um pastor denunciar, diante do próprio senador, a responsabilidade do ex-mandatário pelas mortes na Covid-19. A cena foi registrada em vídeo e revelada inicialmente pelo jornal Folha de S.Paulo, que noticiou que o religioso foi hostilizado e agredido por bolsonaristas logo após discursar.

Ismael Lopes, integrante da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, tomou o microfone logo depois de dois pastores bolsonaristas se manifestarem. Em sua fala, criticou o ex-presidente e afirmou que Bolsonaro “havia aberto 700 mil covas na pandemia”. Ele também defendeu a condenação de Bolsonaro no processo da trama golpista.

Pastor criticou a instrumentalização da fé e foi atacado por bolsonaristas

Assim que suas críticas se tornaram evidentes, apoiadores passaram a vaiá-lo e cercá-lo. Lopes se retirou da aglomeração, mas foi perseguido, derrubado e agredido. Flávio Bolsonaro e aliados tentaram conter os mais exaltados, sem sucesso. A polícia precisou intervir com spray de pimenta para interromper as agressões.

Após o tumulto, Ismael Lopes reafirmou sua posição diante dos jornalistas. “Vim aqui na iniciativa de tentar fazer uma fala baseada na palavra de Deus, para acabar com essa instrumentalização da fé cristã que eles fazem”, declarou. Ele deixou o local em uma viatura para registrar boletim de ocorrência na delegacia.

Vigília contrariou decisão do STF e reuniu aliados bolsonaristas

A vigília ocorreu em um estacionamento próximo ao condomínio onde Bolsonaro estava em prisão domiciliar, após ter sido detido preventivamente por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O magistrado citou a organização da própria vigília como um dos motivos da prisão, alegando risco à ordem pública.

Flávio Bolsonaro classificou a decisão como “esdrúxula” e defendeu um projeto de anistia que beneficie seu pai e outros envolvidos na trama golpista. O ato reuniu políticos como Carlos Bolsonaro, Rogério Marinho, Helio Lopes e Bia Kicis, além de algumas centenas de apoiadores.

Episódio expõe radicalização em atos bolsonaristas

A agressão ao pastor revela o nível de tensão e intolerância que permeia atos convocados pelo bolsonarismo, mesmo aqueles apresentados como vigílias religiosas. O episódio também evidencia a pressão política e social que se intensificou após a prisão do ex-presidente, expondo novas fissuras e conflitos internos no campo bolsonarista.

 

15.11.25

8,6 mil cargos de professores

 

Governo vai criar 8,6 mil cargos de professores e técnicos em educação

Lula disse que é mais barato criança na escola do que jovem na cadeia

Luiz Claudio Ferreira - Repórter da Agência Brasil

Publicado em 14/11/2025 - 17:34

Brasília

© Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta sexta-feira (14) duas mensagens que encaminham ao Congresso Nacional projetos de lei voltados à área de educação. 

O primeiro projeto altera a lei orçamentária para autorizar a criação de mais 8,6 mil cargos de magistério superior e técnico administrativo em educação, e assim poder aumentar o quantitativo de 21.204 para 29.804.

O segundo projeto cria um plano especial de cargos no Ministério da Educação (MEC), composto por cargos de nível superior, intermediário e auxiliar. 

Em evento que agraciou 262 pessoas com a Ordem do Mérito Educativo, Lula disse que é mais barato financiar educação para as crianças do que manter um jovem na cadeia por falta de oportunidades.

Acompanhe a cobertura completa da EBC na COP30 

Crítica

O presidente afirmou que tudo o que for necessário para homenagear trabalhadores da educação é pouco. 

“Muita gente nunca quis que o povo brasileiro fosse educado. É como se fosse uma coisa vergonhosa para a elite durante tantas décadas e séculos não permitir que o povo brasileiro tivesse acesso à educação”, disse o presidente, em evento no Centro Internacional de Convenções do Brasil, em Brasília.

Lula lamentou ainda que, mesmo com todo o investimento feito na educação brasileira, na comparação com Chile e Argentina, o país tem, proporcionalmente, menos jovens na universidade. 

O presidente disse que vai anunciar, ainda neste mês, as universidades dos Esportes e a Indígena. 

Mérito Educativo 

A Ordem do Mérito Educativo incluiu escritores, professores e autoridades públicas. Na relação, nomes como os imortais da Academia Brasileira de Letras Ailton Krenak e Ana Maria Gonçalves, os escritores Fernando Morais, Fabricio Carpinejar, Raduan Nassar e Cristine Takuá. Influenciadores como Gilberto José Nogueira, o Gil do Vigor, e Felipe Neto também estiveram entre os homenageados.

Gil do Vigor lembrou que foi a educação pública que transformou a sua vida. Beneficiário do Bolsa Família e da política de cotas, ele conta que foi graças ao estímulo da mãe que conseguiu atingir seus objetivos. “Ela me disse que tínhamos uma marreta para atravessar a parede capaz de transformar a vida. E essa marreta é a educação”.

Hoje, Gil tem um curso solidário chamado de Aulão do Vigor e anunciou que vai ingressar no pós-doutorado na Universidade de Chicago. 

“Eu sou um exemplo de como as políticas de inclusão garantem a transformação. A educação salva vidas”, emocionou-se.  

Houve ainda homenagens póstumas entregues a familiares de pessoas como o escritor e ativista Antonio Bispo, o Nego Bispo; para o ex-reitor Luis Carlos Cancellier, da Universidade Federal de Santa Catarina, e para a professora Elisabeth Tenreiro, que morreu em ataque à escola Thomazia Montoro, em 2023.

Confira a lista dos agraciados 

Caminho transformador

O ministro da Educação, Camilo Santana, disse que a educação é o único caminho transformador de uma nação. Ele lembrou que a entrega da Ordem Nacional do Mérito Educativo integra as ações de comemoração dos 95 anos do MEC

“Essa celebração reafirma nosso compromisso com educação pública forte (...) As pessoas que recebem essa comenda têm papel fundamental no Brasil que queremos”, afirmou o ministro.

Condecoração

A Ordem Nacional do Mérito Educativo foi criada em 1955, mas regulamentada apenas em julho de 2003. As condecorações são entregues a personalidades nacionais e estrangeiras que se destacaram em ações para a melhoria e o desenvolvimento do ensino e da educação brasileira. 

Os homenageados são reconhecidos nos graus: Grã-Cruz, Grande Oficial, Comendador, Oficial e Cavaleiro. As nomeações e promoções são feitas por decreto do Presidente da República, mediante proposta do ministro da Educação.

 

14.11.25

Jovens vão a Cuba estudar a medicina

 

Jovens da Bahia vão a Cuba estudar a medicina com valores humanos. O objetivo da instituição é formar especialistas em medicina geral integral, com alto nível científico e sólidos valores humanos

14 de novembro de 2025, 18:18 hAtualizado em 14 de novembro de 2025, 18:27 h

Faculdade de medicina em Cuba

Faculdade de medicina em Cuba (Foto: Ascom)

Conteúdo postado por: Leonardo Sobreira

247 - A Secretaria de Saúde da Bahia informou nesta sexta-feira (14) sobre a abertura de um processo seletivo para 60 jovens do estado, interessados em estudar medicina em Cuba. Este ano, 30 jovens cearenses já viajaram para a ilha, para iniciar seus estudos de medicina. Os futuros médicos irão para a Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM), localizada na capital cubana, onde serão formados como médicos generalistas em 6 anos. 

A ELAM é um projeto de cooperação e formação de médicos, iniciado em 1999, por iniciativa de Fidel Castro, após a passagem de dois furacões pela América Central, que causaram a morte de mais de 10 mil pessoas e milhões de desabrigados, o que gerou o envio de médicos cubanos, diante da escassez de médicos nessas nações. 

O objetivo da instituição é formar especialistas em medicina geral integral, com alto nível científico e sólidos valores humanos, para contribuir com a assistência à saúde em países e áreas economicamente desfavorecidas, de acordo com o consulado cubano. 

As bolsas são concedidas por governos e organizações sociais a jovens de baixa renda, com o único compromisso de retornar às suas comunidades, uma vez formados em medicina. 

No 25º aniversário da fundação da ELAM, o presidente cubano, Miguel Díaz Canel, informou que a escola havia formado 31.180 médicos de 122 países, com representação em todas as regiões do mundo: 2.534 da África, 26.233 da América, 2.165 da Ásia, 7 da Europa e 241 da Oceania. Isso inclui centenas de estudantes dos EUA.  

Atualmente, 1.877 estudantes de 100 países estão matriculados em todos os anos do curso de Medicina, tanto em Havana quanto no resto do país.

Jovens brasileiros também se beneficiaram desse projeto de formação. Até o momento, mais de mil jovens do país se formaram como médicos em Cuba.

 

13.11.25

Chacina no Rio é complô contra Lula

 

'Chacina no Rio é parte de um complô contra o presidente Lula', aponta Paulo Sérgio Pinheiro

“O Rio e outros estados se se parecem como fortalezas contra o poder federal”, avalia o ex-ministro

13 de novembro de 2025, 09:36 h

Paulo Sérgio Pinheiro

Paulo Sérgio Pinheiro (Foto: Brasil247)

Conteúdo postado por: Guilherme Levorato

247 - A entrevista concedida pelo professor titular de ciência política da Universidade de São Paulo (USP) e ex-ministro da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Paulo Sérgio Pinheiro, à TV 247, expôs a avaliação de que a mais recente chacina no Rio de Janeiro integra uma operação com motivação política contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo o ex-ministro, a perícia criminal fluminense reproduz um problema estrutural que se arrasta há décadas. Ele afirma que “a perícia do Rio de Janeiro, como todo órgão policial, está totalmente controlada pelo governo de extrema-direita do governador Cláudio Castro”, ressaltando que o Brasil constitucional ainda não conseguiu garantir independência técnica nesses órgãos. Para ele, o fato de as secretarias de segurança seguirem à frente das perícias significa que “os próprios investigados controlam a perícia”, o que inviabiliza investigações isentas sobre operações policiais deste tipo.

Pinheiro também avalia que o ambiente político e institucional fluminense se consolidou como um território resistente à atuação do governo federal. “O Rio de Janeiro e outros estados se parecem como fortalezas contra o poder federal”, declarou, criticando o que considera uma cultura consolidada de autonomia armada.

Outro ponto destacado foi a intenção da extrema-direita de classificar organizações criminosas como narcoterroristas, medida que ele considera despropositada. Para Pinheiro, “considerar organizações criminosas como narcoterroristas é realmente um absurdo total”, uma estratégia que, segundo afirma, serve mais ao discurso político da extrema direita do que à realidade das investigações.

Ao comentar a megaoperação que mobilizou 2,5 mil agentes, o professor foi enfático ao apontar elementos que, em sua visão, reforçam o caráter político da ação. “Tudo foi montado para ser gravado, os 2,5 mil homens… Para que 2,5 mil homens? O que eles fizeram?”, questionou. Ele destacou a cobrança do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que solicitou detalhamento da atuação de cada agente mobilizado. Para Pinheiro, o episódio se insere claramente em “um contexto político de uma conspiração, de um complô de extrema direita, depois da condenação de seu líder máximo [Jair Bolsonaro] e seus capangas generais que estavam a fim de dar um golpe”.

O cientista político avalia ainda que o país enfrenta um acúmulo de distorções institucionais que corroem a democracia. “É um conjunto de excrescências que a governança democrática não conseguiu ainda debelar”, afirmou, defendendo novas formas de enfrentamento às dinâmicas de segurança pública dominadas por governos estaduais alinhados à extrema direita.

Para Pinheiro, qualquer tentativa de cooperação que envolva os atuais gestores estaduais está fadada ao fracasso. “Isso só vai ser debelado se for feito de maneiras diferentes. Não adianta criar um centro de cooperação com o próprio autor da chacina, que é o governador Cláudio Castro”, declarou. Ele completou afirmando que “ele e outros colegas só veem essa forma de lidar com o crime organizado”, criticando a lógica de operações espetaculosas e sem transparência que, na avaliação do pesquisador, aprofundam a crise de segurança no país.