9.3.10


Vladimir Herzog
Ventura Picasso

Tratar a morte do jornalista Vladimir Herzog, num formato simplista, com desdém agressivo, como se fosse um fato comum, é inaceitável. Repetir a versão “oficial” daquela tragédia, no DOI-CODI do II Exército em S. Paulo, onde o Vlado foi suicidado, com seus algozes mostrando fotos do jornalista enforcado no próprio cinto, nem a avó do Chapeuzinho acreditou.

Vlado, judeu nascido na Croácia, foi sepultado em 27 de outubro de 1975, no Cemitério Israelita. A cultura judaica determina que os suicidas sejam enterrados num lugar isolado do cemitério, mas o Rabino Henry Sobel negou a tradição. As circunstâncias eram outras.

Na história moderna do Brasil, Herzog desempenhou um papel inigualável. O mundo inteiro ficou chocado com a violência descabida desenvolvida pelo regime militar. Esse assassinato reduziu a gula dos golpistas a continuarem disputando a presidência entre eles. Evitou que mais algumas rodadas de generais passassem pelo palácio do governo.

Hoje, o jornalista Vladimir Herzog, após quase 35 anos, é considerado um dos símbolos da resistência ao autoritarismo. Portanto, quem se reportar a esse mártir naturalizado brasileiro, pelo menos, mesmo sem conhecê-lo, usar de um respeito que só os verdadeiros heróis merecem, principalmente, depois de mortos.

Ventura Picasso – Secretário do SINTAPI - 09032010

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