12.10.10


Ventura Picasso

Fui obrigado por sua sugestão a rever, na ‘Estação Historia’ (1870) de Franklin Martins, o Manifesto Republicano. A sua crônica ‘Perdi a paciência’, Dr.ª Fátima, agasalha o momento político com maestria. Conteúdo inigualável. Claro que tenho uma visão social, talvez pela minha idade, dos fatos políticos no Brasil, acomodada ou compreensiva. As labaredas juvenis transformaram-se em brasas, mas ainda aquecem minha utopia.
A ‘publicidade’ partidária quer queiramos ou não é pautada pelo modismo, e não pela consciência política, que a cada período eleitoral se regenera, sai do armário, veste o pretinho básico, e dita as velhas regras: “Comunistas comem criancinhas”.
Hoje, somos obrigados a comungar com o tal pecado mortal do aborto. Essa gente falsa fingindo que não vê as estatísticas referentes ao problema onde você cita em 3 de setembro de 2010, ‘É possível uma ressonância magnética do aborto no Brasil?’: “Uma mulher em cada cinco, aos 40 anos, fez aborto”. Nesse meio, certamente, não há religiosas pertencentes as mais diversas correntes cristãs existentes. Aqui só se reconhece o cristianismo.
Pelo poder fazem qualquer coisa. Mudam o foco principal. Passam para o segundo plano, a substituição do Presidente da República, os projetos do novo governo, que são trocados por um tema moleque cheio de espertezas buscando confundir o eleitorado. Não há patriotismo, mas pura malandragem (termo apropriado para chefes de quadrilhas).
Defendendo os interesses tucanos, uma dondoca discursando em feira livre, se perde e sai com essa: “Dilma mata criancinhas”. As criancinhas são as mesmas dos comunistas. A dondoca é a mesma reaça da Guerra Fria, porém o eleitor já não é o mesmo.
Os grandes cronistas formadores de opinião, não formaram nada em 2006, hoje estão na roça. O Jabor voltou a filmar. Os candidatos que não seguem a moda da mídia PIG, não fazem eco entre as massas. A máxima oportunista, “ajoelhou tem que rezar”, prevalece. A grande imprensa não tem limites, mas limita o que bem entende.
O judiciário por sua vez, que faz às vezes do legislativo aprovando o documento com foto, jogando o Título de Eleitor no lixo gerou uma grande abstenção, quer cassar o Tiririca. Não pela palhaçada, provavelmente por trazer a reboque na sua cesta de votos, o delegado Protógenes. Democraticamente, o eleitor crítico ou gozador, não deve derrotar com seu voto a elite. Os velhos ditados, ‘a voz do povo é a voz de deus’, ou ‘todo o poder emana do povo’, é para o povo acreditar e viver feliz. Só isso!
Num país republicano como o Brasil, quando usamos o dinheiro ao pagar uma conta, para que ninguém se esqueça das trinta moedas, há um breve lembre: 'Deus seja louvado'.
Os caminhos do fundamentalismo religioso estão abertos há um bom tempo. A disputa entre os rebanhos militantes é encarniçada. Os protestantes evangélicos se juntam para enfrentar os católicos. Nas câmaras, nas assembleias e no Congresso Nacional pelo lobby evangélico, juntas todas as tendências, padres, pastores e eco verdes falam a mesma língua: Não à mulher. Mulher é objeto.
O mais interessante nos dias atuais, e se não me falha a memoria, o Partido Verde PV que, espertamente, deu o tom do santificado eco aborto no esquete eleitoral, tem incluído em seu programa, a legalização do casamento homossexual, a legalização e descriminalização do aborto e da maconha (drogas). A tese é justa, mas em campanha, a prática é a do bico fechado. Que papelão.
Eu assim como você, Dr.ª Fátima, “Perdi a paciência: quero a República terrena de volta”! (pelo voto). FONTE: www.otempo.com.br/otempo/colunas/?IdColunaEdicao=13127,OTE
Ventura Picasso
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