9.1.12

Será o Bonifácio (2/3)

Moro numa rua esquentada, lá onde o comissionado cantante entregou a tal missiva, isso mesmo esquentada. Qual não foi a minha surpresa quando apareceu a turma altamente terceirizada do asfalto jogando pixe pra todo lado; Não queria, mas acreditei que o recapeamento seria executado de cabo a rabo. Não foi. Asfaltar é bom negócio, o que tem de construtora nacional espalhando cascalho pelo mundo, é de tirar o turbante. Elas, as construtoras, atacam muito mais que as tropas da OTAN no Oriente Médio.

Por pura falta de sorte, uma dona moradora na minha rua, foi no jornal Folha da Região e deitou falação sobre a incompetência do governo, no trato da buraqueira que há. Os ‘técnicos’ do DAEA esburacaram, estruparam e surubaram a frente da casa da tal. Por coincidência, no dia em que a ‘terceirizada que mela o chão de preto’ chegou ao pé da rua, na esquina da São Paulo com José Bonifácio, o bicho pegou: A bronca da dona que não conheço, estava estampada em Opinião! Na página dois da Folha!

Não sei quem é essa tal. Não conheço, nunca vi, mas sem querer defender o lado feminino e respeitando a marca do perfume, a dona estava cheia de razão. Não sei se é ‘bonita e gostosa’, se jovem ou coroa só sei que queimou o filme. Os caras que lambusam o chão da calçada alheia, quando leram o drops na coluna, deram um tempo, avisaram o secretário aquele que não lê a Folha da Região e pergutaram: “o que fazer”? O japones foi curto: ”Pula essa quadra deixa a buracada que a dona acaba acostumando”.

Os tripulantes daquelas geringonças acharam bom: Uma quadra a menos. O chefe ficou feliz: “Essa já está na conta, o pixe é meu, morreu”. O motorista do basculante melecado, com cara de cifrão pensou: ”Se ela me desse uma grana, comia e asfaltava”.

A minha quadra, entre as ruas Mato Grosso e a Rio de Janeiro, na papelada burocrática, já acompanhava a ordem de serviço um chorão amarelo grampeado: “Prestenção, pula essa quadra”!

O time parou. Formou-se uma barricada!

A moçada mal tratada, um pelotão de trabalhadores perdidos no pixe monta um cenario de batalha perdida. Parados na esquina assombram as dozelas da José Bonifácio. Essa tarefa poderia ser executada de forma mais humana. O homem do pixe, do carrinho de mão, da máquina e dos basculantes todos pixados, um dó à espera da ordem, e do que fazer, pelo celular do chefe. O sol a 35°.

O chefe e diretor de palco, bem vestido, num automóvel Renault com ar condicionado, explica os detalhes do ‘pula pula mais uma’. O secretário, ao tomar conhecimento do fato, aos gritos ordena: ”Saiam já dessa maldita rua, imediatamente, e não voltem lá nunca mais, pô!”. Marchando em fila indiana, marcando o passo ao som da lata de pixe, bateram em retirada, cantando ‘La Cucaracha’.

Ventura Picasso – Blogueiro da Cia dos Blogueiros - 2321

Foto: (OZKNEWS.com.br) - http://t0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQEbViylROS7gJcBOs2zpCRfUWvwgw5nAvyZjA6P4TkDPB6ovq9

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