uma nova lição do Brasil para o mundo
O país transformou o
futebol e as telenovelas em fenomenais globais, fazendo da marca ‘Brasil’ uma
grife mundial
Carlos
Molina 22
MAR 2014 - 21:20 BRT - http://brasil.elpais.com/brasil/2014/03/22/politica/1395520957_222994.html
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Aula em
escola pública de São Paulo. / RAFAEL LASCI (A2 FOTOGRAFIA)
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Se tiver uma coisa em que o Brasil é bom, é em globalizar. Fez do seu
futebol e das suas novelas fenômenos globais, transformando a marca “Brasil” em
uma grife mundial. Agora é a vez do seu modelo de redução da pobreza.
O Brasil está convencido de que a eliminação desse teimoso flagelo social,
tanto em casa como no mundo, será mais eficaz se o esforço for realmente
mancomunado.
Como parte dessa filosofia, o gigante sul-americano criou o primeiro
centro mundial de redução da pobreza, chamado Mundo Sem Pobreza, que será
efetivamente um mercado de ideias e experiências na aplicação de programas a
favor dos que menos têm.
O ponto de partida e inspiração é o programa brasileiro mais
bem-sucedido de todos os tempos: o Bolsa Família, que em uma década de operação
conseguiu reduzir pela metade a pobreza extrema no Brasil (de 9,7% para 4,3% da
população), graças a seu vasto alcance e cobertura – 50 milhões de brasileiros
de baixa renda, ou uma quarta parte da população.
Diferentemente dos subsídios e de outros programas sociais genéricos, o
Bolsa Família é parte das chamadas transferências condicionais de renda, pelas
quais os pais de família recebem uma quantia fixa por mês (neste caso, 70
reais) em troca de enviarem seus filhos à escola e realizarem diversos
acompanhamentos de saúde.
Embora na última década 1,7 milhão de beneficiários tenham se
“graduado”, ou seja, deixaram o programa, os críticos advertem que muitos podem
cair em uma relação de dependência com esse método. Admitem que o Bolsa Família
é importante para combater a fome e fortalecer o empoderamento social, mas
argumentam que seu grande desafio é prover oportunidades de trabalho e serviços
básicos para essa população. O que é precisamente o foco do ambicioso plano
antipobreza do Governo, o Brasil Sem Miséria, que promete eliminar essa situação
de carência extrema para milhões de brasileiros.
Polêmicas à parte, o sucesso dessa iniciativa lançada em 2003 fez do
Brasil um “exportador de como fazer política social”, segundo observadores. Em
2013, 120 delegações visitaram o Brasil para aprender sobre o Bolsa Família e o
chamado Cadastro Único, que identificou e contabilizou os mais pobres do país.
A pobreza é, com efeito, um problema global. Quase 1 bilhão de pessoas,
ou 15% da população mundial, sobrevivem com menos de 1,25 dólar por dia.
“Estamos muito interessados no cadastro único, acreditamos que seja um
dos instrumentos mais importantes para construir sistemas efetivos de proteção
social”, afirmou a ministra de Solidariedade Social do Djibuti, Zahra Youssouf
Kayad, durante o lançamento de Mundo Sem Pobreza, nesta semana, no Rio do
Janeiro, como parte de uma conferência de aprendizado sul-sul. O evento teve a
participação de mais de 200 formuladores de políticas públicas e ministros de
70 países, além de especialistas de organismos internacionais.
Portal antipobreza
Os especialistas em redução da pobreza ficarão conectados globalmente
por uma plataforma on-line, em três idiomas, que servirá para destacar as
iniciativas mais importantes nesse campo. Também permitirá o intercâmbio de ideias
e conhecimentos em tempo real entre os encarregados da formulação e aplicação
de programas sociais no mundo todo.
A ferramenta virtual do Mundo Sem Pobreza será, por sua vez, um vasto
repositório de informação e um ponto de encontro com o público, que poderá
contribuir com essa grande “conversa” sobre um dos problemas mais tenazes do
século XXI.
“Acredito que ofereça uma oportunidade para acelerar e expandir as
lições da aplicação das políticas sociais no Brasil”, disse a economista
Deborah Wetzel, diretora do Banco Mundial no Brasil.
As instituições que respaldam esse portal são o Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA), o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (MDS), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Banco
Mundial.
Com a
contribuição de José Baig.
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