27.7.25

Breno Altman denuncia a barbárie

 

Breno Altman denuncia a barbárie promovida por Israel em Gaza e diz que fora do socialismo não há solução

Em entrevista a Hildegard Angel, jornalista afirma que o genocídio é expressão do supremacismo sionista e aponta o socialismo como única alternativa

27 de julho de 2025, 06:21 h

Breno Altman

Breno Altman (Foto: Reprodução Youtube)

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247 – Em entrevista concedida à jornalista Hildegard Angel, publicada na TV 247, o jornalista e comentarista político Breno Altman fez duras críticas ao Estado de Israel e denunciou o que classificou como genocídio contra o povo palestino. Judeu, comunista e antissionista, Altman afirmou que o regime sionista se forjou na lógica da supremacia étnica e da violência colonial e que, diante da brutalidade atual, “fora do socialismo não há solução”.

“Nenhum judeu fez tão mal ao povo judeu quanto Netanyahu”, afirmou, ao caracterizar o atual primeiro-ministro israelense como o mais destrutivo entre todos os líderes do país. Altman destacou que o genocídio em Gaza não é um desvio, mas o ápice de um projeto ideológico estruturado no supremacismo sionista, em que a desumanização do povo palestino é central.

Crítica ao sionismo e reapropriação da história judaica

Segundo Altman, o sionismo nasceu no século XIX como uma doutrina colonial e racista, disfarçada de resposta ao antissemitismo europeu. “O sionismo é só uma corrente ideológica. Ele não é o judaísmo”, afirmou, lembrando que até setores religiosos, como o grupo Neturei Karta, se opõem à existência do Estado de Israel por considerarem que sua criação viola os princípios do Talmud.

O jornalista se mostrou particularmente indignado com o uso político do Holocausto para justificar os crimes cometidos hoje contra os palestinos: “Eu me sinto ultrajado quando vejo o sionismo usar o sofrimento dos meus antepassados como justificativa para uma monstruosidade atual”.

Perseguição judicial e lawfare

Breno Altman revelou ter sido alvo de processos judiciais movidos por representantes da comunidade sionista brasileira. Ele foi condenado em primeira instância a três meses de prisão por chamar dois apoiadores de Israel de “covardes”, mas a pena foi revertida na segunda instância. “Acho que é o único caso da história judicial brasileira em que alguém foi condenado à prisão por chamar o outro de covarde”, disse. Ele também denunciou o uso da tática SLAPP (ações judiciais estratégicas contra a participação pública) para tentar silenciá-lo politicamente.

Sionismo e nazismo: o peso das comparações

A entrevista também abordou o polêmico tema da colaboração entre setores sionistas e o regime nazista. Altman citou o Acordo de Haavara, firmado em 1933 entre a Federação Sionista da Alemanha e o governo de Adolf Hitler, que permitia a migração de judeus para a Palestina em troca de ativos usados para comprar produtos alemães. “O sionismo é o nazi-judaísmo”, afirmou. Segundo ele, o regime israelense de hoje repete a lógica de desumanização do nazismo, com métodos semelhantes aos usados nos campos de concentração.

Ele também comentou o papel simbólico e político do presidente Lula ao denunciar, em fevereiro de 2024 na Etiópia, a semelhança entre os métodos de Israel e os do nazismo. “Lula tocou na ferida moral do sionismo”, disse.

Relatos pessoais e tradição comunista judaica

Ao longo da entrevista, Altman compartilhou a trajetória antissionista e comunista de sua família judaica. Sua avó, Frida, rompeu com o pai ao se filiar ao Partido Comunista no interior de São Paulo. Seu avô paterno, militante desde os 9 anos em Varsóvia, suicidou-se após entrar em depressão com o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, que denunciou os crimes de Stálin.

A tradição cultural judaica também foi abordada com franqueza e afeto, com relatos sobre a disciplina intelectual imposta por seu pai — como a meta de ler 50 páginas por dia — e reflexões sobre o valor da cultura, da música e da solidariedade. “A cultura é a única coisa que não te tiram”, relembrou.

A causa palestina como régua moral dos tempos

Altman afirmou que a causa palestina é o grande divisor moral da atualidade: “Ela é a linha que separa os bons dos maus. A maneira como governos e indivíduos se comportam diante do genocídio palestino define de que lado da história estão”.

Para ele, o capitalismo atual leva à barbárie, e apenas o socialismo oferece uma saída real para a humanidade. “Estamos vivendo um ponto de inflexão. A causa palestina é o maior desafio ético e geopolítico do nosso tempo, e não há mais solução possível fora do socialismo”, concluiu.