10.10.25

O fantasma Lula 2026

O fantasma Lula 2026 tira o sono dos deputados que odeiam os pobres

Na raiz das decisões do Congresso Nacional, está o ódio devotado aos pobres pela elite brasileira

10 de outubro de 2025, 13:11 h

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília - 09/07/2025

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília - 09/07/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

O presidente Lula reclamou da pobreza de espírito dos deputados do Centrão e da extrema direita que se pautam pela aproximação das eleições, em detrimento dos interesses maiores da população e do país.

Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a oposição sabotou o povo, para prejudicar o presidente Lula, e lembrou que o governo apresentou a medida provisória taxando um pouco mais bancos, bets e bilionários para garantir investimentos em saúde, educação e previdência em 2026.

Vale acrescentar, porém, que na raiz das decisões do Congresso Nacional, está o ódio devotado aos pobres pela elite brasileira, conforme assinala o professor Jessé de Souza em seu livro "A elite do atraso."

E como a composição do Congresso Nacional reflete de forma invertida a nossa sociedade, com a grande maioria dos parlamentares colocando seus mandatos a serviço dos ricos e dos super-ricos, enquanto a imensa massa de trabalhadores e pobres são extremamente sub-representados, dificilmente são aprovados projetos que contrariem o mercado financeiro, os latifundiários e os grandes capitalistas em geral. 

Os motivos que concorrem para essa realidade dariam margem a vários artigos, mas é importante insistir que tão importante quanto reeleger Lula ano que vem é eleger deputados e senadores comprometidos com causas populares e democráticas, reduzindo as bancadas dos endinheirados.

Isto posto, vale destacar que o Senado só jogou no lixo a PEC da Bandidagem e a Câmara só aprovou por unanimidade a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e descontos para a faixa até R$ 7.350 devido à grande mobilização dos brasileiros, com centenas de milhares de pessoas indo às ruas em 39 cidades do país, no dia 21 de setembro, para expressar sua indignação. 

Pouco mais de duas semanas depois, a Câmara retomou seu padrão normal de atuação. Desta vez, não resta dúvida de que a divulgação das últimas pesquisas mostrando o crescimento consistente da aprovação do governo do presidente Lula e a ampliação do seu favoritismo na eleição presidencial assombraram os deputados do Centrão e da extrema direita.

Não enganam ninguém com o mantra neoliberal segundo o qual o Brasil já paga impostos demais, quando o que está em jogo é apenas fazer um pouco de justiça tributária. Não tem cabimento uma professora pagar 27,5% de imposto e os super-ricos se negarem a pagar 18%.

Na cabeça dos parlamentares conservadores, a conta é tão simples quanto sórdida: com menos R$ 30 bilhões, o governo Lula terá dificuldades para seguir investindo forte em programas sociais que melhoram a vida das pessoas. 

Contudo, a julgar pela forte reação nas redes sociais, onde os protestos contra a sabotagem dos deputados lideram o número de postagens, é de se prever que novas mobilizações de rua não tardarão a acontecer.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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Bepe Damasco

Jornalista, editor do Blog do Bepe

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