14.9.07



O Fantasma da Ópera
Folha da Região
Ultimamente, como não tenho recebido a Agenda Cultural mensal, fui ao Teatro Paulo Alcides Jorge, com o intuito de conseguir, pelo menos, um exemplar do cardápio artístico araçatubense. Não encontrando, fui ao conservatório de musica, e lá também não havia. Intrigado, ao sentir que as pessoas não estavam dispostas a falar sobre o teatro, e assim como as palmeiras da Avenida João Arruda Brasil, senti também um friozinho na barriga, um calafrio e hipnotizado, amedrontado sem saber, acabei dentro do teatro.

O coração fazendo marcação como os tambores da Escola de Samba de Mangueira em cerimônia fúnebre. Escuridão total. Liguei a chave das luzes, desliguei, religuei e nada de luz. Imaginei como se sentiu La Carlotta quando abandonou, no palco, a peça “O Fantasma da Ópera”. Aquele teatro era particular, o nosso é do município. Christine Daae só dominou o palco com a ajuda de um elemento misterioso.

Aqui, porém não há mistério, e o fantasma perde tempo porque quem manda, manda mesmo, e assusta até assombração. Há uma triste realidade: o poder político ofusca a liberdade e a estética artística e cultural, provocando em nossa cidade a fuga das palmeiras do Mercadão. O Mané Motosserra está afiando os dentes para deitar as infelizes, como faz na porta das lojas; ataca as árvores, rebaixa as guias e colabora com idiotas que seduzem consumistas cegos e insensíveis com o ecossistema. Vale mais uma placa de propaganda do que a nossa amiga árvore.

Há na cidade o Partido Verde, mas não é um verde ecologicamente correto, esse verde serve para legalizar candidatos a cargos eletivos. A lei exige que o candidato seja filiado a um partido. Até hoje eu não vi sequer uma única manifestação pública em defesa da ecologia urbana defendida pelos nossos verdes. Cá entre nós, os políticos verdes não estão nem aí com a luz do palco, quanto mais com as Palmeiras Imperiais que estão no corredor da morte.

A cultura educa, e as pessoas adquirem um senso crítico de boa qualidade, pensam e interpretam a má intenção dos administradores, e certamente, o governo do município não quer saber de educar eleitor, mas investir na contracultura descaradamente. Querem corpos transportadores de cabeças condicionadas sem condições de optar. As luzes não acendem, a cultura come de graça no boteco da praça, as arvores da avenida, não se mexem apenas, já estão fugindo da cidade cheia de leis esburacadas que o Estado não obedece.
Às vezes quero crer mas não consigo. / é tudo uma total insensatez. / aí pergunto a Deus: escute amigo, / se foi pra desfazer, por que é que fez? (toquinho).


Ventura Picasso 2165

0 comentários: