11.3.09


Palpite Infeliz
Ventura Picasso
FOLHA DA REGIÃO - 17032009
A pressa dos oportunistas, muitas vezes, como aquele pára-quedista, que durante a queda se dá conta de que o pára-quedas ficou no bagageiro da Kombi. Não faz mal, pensou: até aqui tudo bem. Assim pensaria um político otimista, mas não tem volta é a moral da lei. O que foi falado não pode ser consertado. Como a lei da gravidade sem parágrafo, números e incisos. Alguns legisladores não conhecem nem essa lei. Enrustidos, quebram a cara de quem acredita neles, e eles por seu lado, otimistas buscam um remendo colorido.

Gosto de plagiar títulos, o de hoje é de Noel Rosa, só para lembrar um verso: “Quem é você que não sabe o que diz?" Quando o vereador disparou a falação, dizendo que não disse, foi um momento hilário. Sabíamos que seria a única saída. Político, já dizia vovô, quando fala pelos cotovelos, é sempre uma fala provisória.

Eles sabem que a qualquer momento, vão dizer que não disseram. E lá estava, como um boneco de ventríloquo, falando que não falou em extinguir a secretaria, dizendo: “Se é para terceirizar, não precisamos de secretaria” falou lá do alto, arrumadinho e aparecendo na TV, afinal a imagem vale muito. Todavia, o discurso original ecoa no éter: “É melhor que o prefeito extinga a secretaria.”

Do mesmo modo, ao dizer que não é nada pessoal, sugere que o salário do secretário Hélio Consolaro poderia ser utilizado pelo município em outras ações. Não perdendo a pose, o vereador que tem o nome estampado no muro todos os dias, ano após ano, sendo que ninguém questiona, tentou convencer a platéia, os ouvintes e os tele-expectadores, de que tudo que falou foi mal interpretado.

Da nossa modesta ótica, entendemos que, segundo interpretação do edil a Secretaria Municipal de Cultura, possui em seu coletivo uns 200 funcionários. É tudo questão de interpretação. Na prática, Hélio Consolaro, em seu staff conta com menos de meia dúzia de servidores. Que ninguém nos ouça: Tocar um carnaval como o de 2009, numa cidade com 180 mil habitantes, sem terceirizar, só mesmo se for um comissionado indicado por esse gênio do legislativo.

Abestalhado com o discurso da hora, distraído, alguém pisou no meu pé. Um par de sapatos novos. O felizardo é moderno e não pediu desculpas. Olhando a biqueira carimbada lembrei que tinha um sapato. Não só do sapato, porém do Bush, isso mesmo, uma sapatada. As coisas vão acontecendo e a gente vai relembrando. O da lei ali na tribuna era passível de uma sapatada. O meu sapato é novo, não fere os pés, custou caro e um cara desses não vale uma sapatada. Cá pra nós: Já pensaram um botinão furado, fedido e voando sem pára-quedas em direção à tribuna?

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